A Câmara Municipal de Rio Branco voltou a discutir, nesta terça-feira (20), os bastidores da votação que autorizou a Prefeitura a contratar um empréstimo de R$ 67 milhões para a renovação da frota do transporte coletivo. O projeto foi aprovado na última quarta (14) e sancionado pelo prefeito Tião Bocalom, mas o processo legislativo que levou à aprovação gerou críticas e acusações entre parlamentares da base e da oposição.
O presidente da Mesa Diretora, vereador Joabe Lira (União), rebateu as acusações de que teria articulado uma manobra para impedir a participação da oposição na votação. Segundo ele, a suspensão da sessão naquele dia foi comunicada com a possibilidade de retomada a qualquer momento, o que teria sido feito com aviso prévio.
“A verdade sempre vai prevalecer. O vereador Aiache mostrou o vídeo da sessão e ficou claro que a votação poderia retornar a qualquer momento. Eu comuniquei no grupo de vereadores que a sessão reiniciaria às 16h, após inicialmente informar que seria às 15h30. Falei com o vereador André Kamai, que disse que viria, mas acabou não comparecendo”, afirmou Joabe.
O presidente também ressaltou a importância do projeto para a população, diante das recorrentes reclamações sobre a qualidade do transporte público na capital. “Recebemos todos os dias aqui moradores reclamando do sistema de ônibus. O projeto é importante e está dentro de um modelo que várias cidades do Brasil estão adotando. Agimos com responsabilidade para aprová-lo”, reforçou.
No entanto, vereadores da oposição contestaram a versão apresentada por Joabe. O vereador Zé Lopes (Republicanos) afirmou que houve falta de clareza sobre o retorno da sessão e criticou a forma como os projetos são enviados pela Prefeitura à Câmara, sempre com pedidos de urgência.
“O projeto votado não estava na Casa desde o dia 7, como foi dito. Ele chegou no dia da votação. Pedi mais tempo para analisar, como faço com todos os projetos importantes. Infelizmente, a Prefeitura sempre envia em regime de urgência urgentíssima, o que prejudica nosso trabalho”, disse.
O vereador Neném Almeida (MDB) foi ainda mais incisivo e acusou o presidente da Câmara de faltar com a verdade. Ele alegou que a informação inicial era de que a sessão só retornaria no dia seguinte, o que teria levado vários parlamentares a seguir suas agendas externas, incluindo visitas a comunidades rurais.
“O presidente disse que ia retomar a sessão só no outro dia. Isso foi dito aqui, todo mundo ouviu. Depois, às 15h12, ele mandou mensagem convocando para as 15h30, com apenas 18 minutos de antecedência. Isso não é dar prazo. E mais: o projeto foi modificado, ninguém teve tempo de analisar como deveria. Não aceito que nos acusem de mentir”, declarou.