Com cerca de 1 milhão de hectares, a Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex), no Acre, abriga comunidades tradicionais que sobrevivem do extrativismo e da agricultura familiar. Ainda assim, a área, protegida por lei, é hoje um dos principais alvos da devastação ambiental na Amazônia.
A Resex abrange sete municípios acreanos: Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Epitaciolândia, Rio Branco, Sena Madureira e Xapuri. Apesar do status de proteção federal, a paisagem vem sendo tomada por grandes áreas de pastagem, em contraste com o modelo sustentável previsto para o território.
Entre as áreas mais desmatadas do país
Um estudo do Instituto de Pesquisa Imazon apontou que a Resex Chico Mendes foi, entre julho e setembro, a unidade de conservação mais pressionada pelo desmatamento em toda a Amazônia.
Em 2025, o cenário segue semelhante.
De acordo com o levantamento, a reserva ocupa atualmente a terceira posição no ranking das áreas protegidas que mais perderam floresta no Brasil. O ranking é liderado pela APA Triunfo do Xingu, no Pará, seguida pela APA do Tapajós, também no estado paraense.
Quem vive da floresta sente na pele os impactos
Nas comunidades tradicionais, a devastação é percebida diariamente. A líder comunitária Iranilse Silva afirma que o crescimento do desmatamento ameaça o modo de vida de quem depende da floresta em pé para sobreviver.
“Estamos falando aqui de quase cinco mil hectares. É importante manter a floresta em pé, e pra isso é preciso alternativa para o povo que vive nessa floresta, para que vivam com dignidade.”
Ela destaca que o equilíbrio entre preservação e sobrevivência passa pelo fortalecimento das atividades tradicionais.
“É com isso que nasce o equilíbrio entre o homem e a floresta, respeitando o modo de vida do extrativismo e a cultura local.”
Por se tratar de uma área federal, a fiscalização é de responsabilidade do ICMBio e do Ibama, que podem contar com o apoio de outras forças de segurança.
Em junho, a Operação Sussuarana apreendeu 400 cabeças de gado criadas ilegalmente dentro da reserva. A ação revelou a dimensão da atividade irregular, mas, segundo moradores, ainda não é suficiente para conter o avanço da destruição.
Agricultura familiar como solução
Para Iranilse, investir na agricultura familiar dentro da Resex é uma das alternativas para frear o desmatamento e garantir sustento às famílias.
“Aqui moram extrativistas que tiram o sustento da floresta, mas também trabalham com agricultura familiar. Ela tem que vir com mais força dentro da Resex, porque é daqui que a gente tira o sustento dessas famílias.”
Com informações de João Cardoso, para a TV Gazeta.



