Para início de conversa…
Há tempos conversava com Robertha Moura sobre a coluna. Vai pra lá, vai pra cá, faltava um nome, afinal só o nome da minha pessoa jamais seria suficiente.
Foi então que, na tentativa de fazer um cozido, quase coloquei metade do indicador na panela. Foi osso. Literalmente. Minha vizinhado lado me socorreu com praticamente todo o açúcar que dispunha para estancar o sangue. Noemi, outra vizinha querida, arranjou-me riforcina para fechar o corte.
O problema é que não sou exatamente uma pessoa delicada e, pah! ao tentar fechar a geladeira abarquei o dedo na porta e bora sangrar de novo!
Foi aí que Noemi (naturalmente não é acreana) aparece e diz:
– Chachá, como estás?
– Tô bem, amiga. Fora que magoei o golpe, tô de bouas.
Noemi me olhou com cara de quem acabou de ver um ET e disse:
– Tu o quê?
– Magoei o golpe, menina! Tá doendo que só. Até sangrou, mas usei tua riforcina de novo. Aliás, esquece dela, porque vou usar até isso cicatrizar direito.
A cara de quem viu ET continuou e precisei explicar bem explicadinho i que, em acreanês, vem a ser um golpe e o significado de magoar o dito cujo. Foi uma conversa engraçada.
Fiquei pensando nisso uns dias depois até chegar no nome da coluna. Escolhi usar o Made in Acre porque, embora tenha peças importadas, sou de fabricação genuinamente acreana e, ademais, já é meu “nome” lá no Twitter. Antes era Menina da Floresta, mas por motivos óbvios não tinha mais sentido de usar,né?
Apesar do nome, a ideia não é ser temática e, a cada texto, escrever um maninha, marrapaz, só sendo, num tô dizendo etc., só para dizer queuso o acreanês como dialeto principal. Não. Essa não é a ideia. Mas a proposta é escrever crônicas do nosso cotidiano (no caso mais do meu, obviamente). Aqui e acolá você lerá muito sobre biblês (inclusive com terminologias típicas dos crentes raiz, porque não sou milicrente, reformada ou penteca), afinal sou crente (não gosto do termo evangélico) protestante com absoluto respeito à religião alheia.
Haverá dias de palpites na política, porque tenho lugar de fala (hahahahahhahahahaha, conquistado em 32 anos de jornalismo, dos quais mais de 25 na área política.
Também haverá bobagem, muita bobagem. Algumas dicas e, quem sabe, receitinhas. Vou me abster das plantas. Agora todo mundo é mãe de planta. Amo meu jardim em formação, mas tenho preguiça para que se diz mãe de jiboia.
Ah, haverá dias lúdicos de romance e até poesia também. E,espero, de humor, bom humor.
Pode ser??
Então tá combinado!
Antes de ir embora vos deixo um poema (sim, às vezes os escrevo!), escrito uns dois verões passados, para animar, ou não, mais uma segunda sem chuva. Parece desamor, mas é puro amor…
Desnamorados
Ela o queria por inteiro…
…. Ele só lhe dava pequenas metades
Ela desejava ser única…
…Ele preferia ter muitas
Apesar da desilusão, ela sonhava com o impossível…
Chegou o dia em que ele lhe disse a verdade. Não nasci paraser um. Sou viajante do tempo, contemplador dos muitos olhares…
Ela lembrou do dia em que ele lhe disse que havia sido conquistado pela força do seu olhar. E chorou por saber que era apenas mais umentre tantos.
Também chorou ao de saber que por ser única, jamais se encaixaria em muitas metades de um ser que é ninguém…
Os vasos que tão lindamente decoravam a vida imaginária foram quebrados. Um a um.
Restos…
Quantas metades espalhadas ao chão…
Na dor ela pensou: Quanto esperar até não restar nem mesmoum pedacinho dessa amarga lembrança??
Ainda em prantos, embrulhou a dor e agora vive a juntar ospedaços espalhados do seu coração despedaçado.
Já me voi, mas volto!
Carinhos meus,
Charlene