A senhora Raimunda de Souza Claudino, de 49 anos, do bairro Polo Benfica, em Rio Branco, pediu ajuda às autoridades após acorrentar o próprio filho, de 18 anos, na tentativa de impedir que ele agrida familiares e coloque a própria vida em risco. Segundo ela, o jovem enfrenta transtornos comportamentais desde os 14 anos, faz uso de drogas, além de ser “muito violento” com os próprios familiares.
A senhora Raimunda, mãe do rapaz, afirma que há anos procura atendimento médico, apoio de órgãos públicos e uma solução definitiva, mas nunca recebeu o suporte necessário.
“Desde os 14 anos ele me dá esse trabalho. Levo para a clínica, passam remédio e mais remédio, e nada resolve. Ele sai para a rua, o pessoal bate nele. Já procurei Ministério Público, Conselho Tutelar na época que ele tinha 14 anos. Tem até uma audiência marcada, mas não sei para quando. Fica muito difícil só para mim como mãe, porque aqui eu quase não tenho ajuda”, relatou.

Mesmo com alguns familiares em casa, a mãe é a única a cuida do filho de 18 anos, o outro irmão se recusa a ajudá-la, segundo relatos feito pela senhora Raimunda. “Aquele ali é o irmão dele, tem vinte e três anos. Ontem eu fui trabalhar e pedi para ele cuidar do irmão. Ele me mandou um áudio dizendo que não ia cuidar de ninguém, que queria ficar de boa dentro de casa. Eu vou fazer cinquenta anos e não tenho força para segurar um menino de dezoito anos”, contou.
A mãe também afirmou que vive ameaçada 24 horas por dia, e que ele a agride verbalmente e fisicamente. Mesmo procurando diversas ajudas, não conseguiu o auxílio necessário até o momento. “Ele me ameaça vinte e quatro horas. Me chama de desgraçada, diz que vai me matar, que vai matar a família toda, e que eu seria a primeira. Já procurei ajuda do Ministério Público, da família, e ninguém pode me ajudar. Hoje de manhã liguei para a tia dele, por parte do pai, e disseram que não podiam fazer nada. Aí procurei minha vizinha para me ajudar a chamar vocês, porque eu estou vendo a hora dele me matar. Aqui fico só eu e Deus.”

O esposo de Raimunda Claudino também foi vítima das agressões cometidas pelo jovem de 18 anos, o padrasto não intervém com medo de novas violências que pode sofrer. “Ele já bateu duas vezes no meu esposo. Quebrou o rosto dele, o sangue desceu. Se não fosse eu e a minha filha de catorze anos, ele teria matado meu esposo. Jogou ele no chão, enforcou e só batia no rosto dele.”
Apesar de acompanhar consultas, ela afirma que nunca recebeu diagnóstico preciso. “O médico nunca me deu um diagnóstico, nem laudo. Só sei que é remédio por cima de remédio. Tem uns que não têm na farmácia e eu tenho que me virar para comprar. Ele tem acompanhamento em casa, mas para mim não resolve. Eu queria um tratamento que realmente ajudasse na agressividade.”
Uso de entorpecentes
“Ele usa bebida e todo tipo de droga que você pensar. Começou com maconha, depois pó, e agora está no fundo do poço, nessa tal de crack.”
Segundo a senhora Raimunda, nesta semana ela própria comprou drogas para tirar o filho de uma “bocada”, temendo que ele fosse morto.
“Ontem eu fui atrás dele e me obriguei a comprar droga fiado para trazê-lo para casa, para evitar o pior. Se eu falar minha vida para alguém, ninguém vai me ajudar. Ontem eu saí de casa e nem voltei direto, fiquei pelo Centro para ter um pouco de paz. Eu disse para o meu filho que talvez nem pegasse o último ônibus, ia ficar pelos bancos para tentar descansar a cabeça.”
Ela também relata que não recebeu assistência do Conselho Tutelar e diz ter perdido a esperança. “No dia em que a polícia veio, liguei para o Conselho Tutelar. Disseram que estavam equivocados, que não tinham nada a ver com isso. Aí eu vou procurar quem, pelo amor de Deus?”.
A irmã da mãe do jovem também relatou a nossa equipe de reportagem um “pedido de socorro”, ela preferiu não se identificar, mas afirmou que foi chamado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a polícia, auxílio do MPAC, porém não obtiveram ajuda.

“Esses dias ela foi agredida, ele deu uma paulada na cabeça dela. Eu me agarrei com ele, eu e a filha dela, para ele não matar ela. O policial veio aqui e eu disse: ‘vocês podem voltar aqui para relatar um óbito da minha irmã’. Isso é um absurdo. O Samu vem e não faz nada, a polícia não faz nada, o Ministério Público não faz nada. Vamos pedir ajuda para quem?”
A família diz que teme tanto pela vida do jovem quanto pela integridade de todos os moradores da casa. O caso foi exposto como um pedido de socorro, e a mãe afirma que continuará buscando apoio do poder público em busca de tratamento adequado e proteção.

“Estamos pedindo socorro, para virem fazer alguma coisa. Relatam porque ele está acorrentado, mas se soltar, o pessoal vai matar ele. A minha irmã não aguenta mais. Isso dói na gente, mas estamos pedindo socorro, pelo amor de Deus. Que venham internar esse jovem, porque não temos para onde levar. No Hosmac e na UPA, ele fica um dia e volta para casa. A polícia diz: ‘vou levar hoje, mas amanhã ele está solto’. O que adianta? Só vão fazer algo quando ele matar alguém? Porque ele é agressivo, totalmente agressivo”, finaliza.
Material produzido pelo repórter de TV, Luan Rodrigo, para o programa Gazeta Alerta
Editado pelo site Agazeta.net



