Perdão não é consenso na família
A casa da família Guimarães amanheceu com um vazio que jamais será preenchido. No quarto, ficaram as lembranças da garota Estefânia. Hoje, seu Osmildo Pires não teve a companhia da filha para tomar café.
“Eu olhei para a porta do quarto dela que fica em frente a cozinha e eu fazia carinho na porta, procurava um meio de acordar minha filha, mas eu sabia que ela não estava lá. Não tem maneira de explicar o que a gente está sentindo”, revala.
A menina que gostava de animais e sonhava em ser bióloga também era uma apaixonada por balé. Desde os quatro anos de idade, Estefânia dançava na igreja evangélica que frequentava. “Foi a única coisa[curso de balé] que eu não realizei por falta de condições. Os sonhos que ela tinha, a maioria era para o futuro”, contou.
A mãe, ainda muito abalada com a perda precoce da única filha mulher, vai levar na memória momentos que jamais serão esquecidos. “Eu me dediquei a cuidar dela. Nós éramos amigas, companheiras. Eu era confidente dela e ela minha”, disse Raimunda Guimarães.
Na última terça-feira, 13, Estefânia e uma amiga foram atropeladas por um ônibus. A menina não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Muitas versões foram apresentadas sobre o acidente.
O laudo da perícia deve ficar pronto no próximo mês. E mesmo sem saber o que realmente provocou a fatalidade, dona Raimunda mandou um recado para o motorista do veículo. “Eu queria matá-lo, mas hoje eu o perdoo. Se a pessoa que matou minha filha quiser algum dia aparecer para mim, eu estou aqui de coração aberto. Não tenho raiva e que Deus o abençoe”, falou emocionada.