A aprovação de um projeto de lei que autoriza a Prefeitura de Rio Branco a contratar um empréstimo de R$67 milhões provocou forte reação da bancada de oposição na Câmara Municipal. O montante será utilizado, segundo o executivo, para a compra de 55 ônibus a combustão e seis elétricos. No entanto, o que deveria ser uma votação transparente e debatida tornou-se alvo de críticas e acusações de manobra política.
O estopim da crise foi a condução da sessão pelo presidente da Mesa Diretora, vereador Joabe Lira. Segundo os parlamentares oposicionistas, houve uma articulação para evitar o debate aprofundado sobre a proposta. Durante a manhã da quarta-feira (15), a sessão ordinária foi suspensa com o compromisso de que os trabalhos seriam retomados na manhã seguinte. Porém, no final do mesmo dia, Lira convocou uma sessão extraordinária, por meio de um grupo de WhatsApp, para votar urgentemente o projeto, com parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça.
A votação ocorreu com a ausência de cinco vereadores da oposição, três dos quais alegaram não ter sido informados a tempo. Zé Lopes declarou que, ao ser notificado, estava no Polo Benfica, sem vestimenta adequada para o plenário e sem possibilidade de chegar à Câmara em apenas 15 minutos. Com 13 votos favoráveis, o projeto foi aprovado, gerando protestos imediatos.
Os parlamentares contrários à medida anunciaram que irão buscar a anulação da sessão na Justiça. Eles questionam a legalidade da convocação feita de forma informal e sem aviso prévio à sociedade. “Foi uma sessão que excluiu a população, enganou jornalistas e evitou o debate público sobre um contrato com pontos obscuros”, declara André Kamai.
Outro ponto que chamou atenção foi a mudança de posicionamento da vereadora Elzinha Mendonça. Antiga crítica ferrenha do prefeito Tião Bocalom, ela votou favoravelmente ao projeto, justificando que a decisão seguiu orientação de seu partido, o Progressistas (PP), que atualmente detém maioria na Casa.
“Como posso contrariar meu partido e correr o risco de sofrer sanções, até pedido de cassação? Meu voto foi político, mas continuo com liberdade para criticar o prefeito quando for necessário”, disse a parlamentar.
A oposição, contudo, considera Elzinha fora do bloco. Para os vereadores contrários à atual gestão, a mudança de postura da colega revela um realinhamento político que se consolidou ao longo deste ano.
Joabe Lira, por sua vez, negou qualquer irregularidade no processo. Afirmou que todos os trâmites legais foram respeitados e que os parlamentares estavam cientes da urgência da pauta. “Todos sabiam do regime de urgência apresentado. A comissão de justiça aprovou, e os vereadores foram chamados. A votação foi legítima”, declara o presidente.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Adailson Oliveira, para TV Gazeta.