Há um poder transformador em segurar uma câmera e apontá-la para o mundo ao seu redor. Mais do que um equipamento, ela se torna uma extensão dos olhos, um instrumento para dar voz. Sou Márcio Levi, jornalista e documentarista aqui do Acre, e é com esse propósito que tenho me dedicado a criar documentários que retratam as realidades que muitos veem, mas nem todos verdadeiramente enxergam. Hoje, quero compartilhar com vocês um pouco da jornada por trás de duas obras minhas: “Animais Abandonados: Recortes de Realidades nas Ruas de Rio Branco” e o curta-metragem “Caminhos Originários”.
Ambos os projetos nasceram de uma inquietação, um desejo de usar a linguagem do cinema para fomentar diálogos necessários sobre a nossa sociedade.
“Animais Abandonados”: Um Grito de Conscientização nas Nossas Ruas

Andar pelas ruas de Rio Branco e se deparar com cães e gatos abandonados é uma cena dolorosamente comum. Para muitos, é um detalhe na paisagem. Para mim, tornou-se um chamado. O documentário “Animais Abandonados” foi a minha forma de responder a esse chamado. Não é apenas um filme; é um trabalho de jornalismo que se funde com o ativismo.
Minha câmera foi até onde a indiferença se instala. Busquei capturar os “recortes” dessa realidade não para chocar, mas para comover e, principalmente, conscientizar. Cada olhar perdido, cada animal magro ou assustado, conta uma história de abandono e de falha coletiva. Fiz esse documentário com a firme convicção de que precisamos falar sobre posse responsável, sobre a importância da castração e sobre o papel de cada um de nós na construção de uma cidade mais compassiva. É um convite para que todos nós enxerguemos, de fato, os seres que compartilham nosso espaço.
“Caminhos Originários”: A Luta e os Sonhos Indígenas no Coração da Capital

Se em um projeto eu me voltei para os animais das nossas ruas, em outro, direcionei meu olhar para uma realidade indígena que pulsa aqui mesmo, no coração de Rio Branco. “Caminhos Originários” foi todo gravado na nossa capital, e ele busca retratar uma jornada específica: a dos indígenas que migram para a cidade em busca de educação, trabalho e acesso a políticas públicas.
Este curta-metragem acompanha a vida desses homens e mulheres que navegam entre dois mundos. São estudantes que buscam qualificação, líderes que lutam por direitos nas esferas do poder, e famílias que constroem uma nova vida urbana sem abrir mão de sua identidade cultural. É sobre a resistência no asfalto. Minha câmera quis capturar os seus desafios, suas conquistas e sua luta diária por visibilidade e reconhecimento dentro da própria capital acreana. “Caminhos Originários” é, portanto, um documento sobre a contemporaneidade indígena, mostrando que a busca por seus “caminhos” também passa pelo centro urbano de Rio Branco.
Por Que Faço Isso?
Ser jornalista e documentarista no Acre é um privilégio e uma responsabilidade. Acredito que nossa missão é iluminar cantos escuros, celebrar belezas visibilizadas e contar as histórias que precisam ser ouvidas. Seja através do olhar de um animal abandonado ou da luta de um jovem indígena na capital, meu trabalho é, no fundo, sobre empatia. É sobre usar a câmera não como uma barreira, mas como uma ponte.
Estou sempre em busca de novas histórias para contar, porque o Acre é um manancial inesgotável delas. E é uma honra poder compartilhar esses recortes da nossa realidade com todos vocês.
Onde Acompanhar Meu Trabalho:
Minhas obras estão sendo exibidas em festivais e circuitos culturais. Você pode acompanhar esses e outros documentários no canal “Du Norte Filmes”, no YouTube.
Fiquem à vontade para entrar em contato: márcio.levi3@gmail.com.
Um abraço e até a próxima!
Por: Márcio Levi




