A polêmica remoção das famílias que vivem na comunidade do Papoco, localizada às margens do rio no centro de Rio Branco, gerou debate durante audiência pública realizada na Câmara Municipal. O encontro reuniu representantes do Ministério Público, da Secretaria Municipal de Assistência Social e moradores da área, que protestam contra o plano da prefeitura de transferi-los para o bairro Rosa Linda, no Segundo Distrito.
Atualmente, cerca de 80 famílias vivem na região. O presidente da Associação de Moradores do Papoco, Wellington Pinheiro, afirmou que a maioria das famílias antigas é contra a remoção e teme ser levada para uma área considerada violenta.
“Essas que querem sair são as pessoas que chegaram agora, com um ou dois anos. Quem mora há anos não quer sair dali. A gente cresceu e vive ali. Essa gestão acabou até com o ponto da praça e agora quer acabar com a gente também”, disse.
O secretário municipal de Assistência Social, João Marcus Luz, defende a medida com base em laudos técnicos que apontam risco de desmoronamento e condições precárias de moradia. Ele afirma que 95% das famílias manifestaram interesse em deixar o local e que a prefeitura pretende entregar 200 casas no Rosa Linda, sendo 80 destinadas às famílias do Papoco.
“Estamos diante de uma minoria que não quer sair. Vamos tentar convencê-las de que estão em um local insalubre, indigno e impróprio para moradia”, declarou.
O promotor de Justiça Thales Ferreira, do Ministério Público do Acre, adotou posição contrária à retirada forçada das famílias. Ele afirmou que o poder público deve garantir dignidade também às pessoas que optarem por permanecer.
“Recomendei que qualquer tipo de ação seja feita com diálogo e que as famílias conheçam o local para onde seriam levadas. E, para quem ficar, a prefeitura precisa criar estrutura básica, como escadas de acesso e condições adequadas de moradia”, destacou.
Uma nova reunião sobre o caso está marcada para esta terça-feira (12), na Defensoria Pública do Estado. O órgão solicita documentos que comprovem os riscos apontados pela prefeitura e reforça que a violência não pode ser usada como justificativa, já que é um problema que afeta toda a cidade.
Com informações de Adailson Oliveira, para a TV Gazeta



