A motocicleta destruída que simbolizava um pedido por mais responsabilidade no trânsito acabou se tornando, novamente, motivo de dor e indignação. O veículo pertencente ao árbitro Ruan Rhiler Rodrigues Santos, de 23 anos, morto em um grave acidente na Rodovia AC-10, em Porto Acre, foi furtado dias após ter sido colocado pelo pai da vítima como forma de alerta aos condutores. A moto foi devolvida depois de apelos nas redes sociais, mas já sem várias peças.
Ruan morreu na manhã de sábado, 8 de novembro, após a motocicleta que pilotava ser atingida por uma caminhonete no km 18 da estrada de Porto Acre. De acordo com as informações, o veículo trafegava no sentido oposto e invadiu a contramão, atingindo o jovem em cheio. O caso gerou grande comoção e revolta, reacendendo o debate sobre imprudência no trânsito na capital e em outras regiões do estado.
Após a abertura do inquérito policial para apurar as circunstâncias do acidente e as responsabilidades, o pai de Ruan, Fábio Santos, decidiu transformar a dor em um gesto de conscientização. No último sábado pela manhã, ele acorrentou a motocicleta do filho a um poste, no mesmo trecho da rodovia onde ocorreu o acidente, como um símbolo de alerta à população.
A iniciativa, no entanto, teve um desfecho inesperado. Segundo Fábio, a moto foi furtada por duas pessoas na quarta-feira, por volta das 8h22. A ausência do veículo só foi percebida dois dias depois, quando ele pediu a um amigo que verificasse o local. A partir daí, a família passou a divulgar apelos nas redes sociais pedindo a devolução.
“Essa moto simboliza a imprudência no trânsito e a falta de consciência das pessoas ao dirigir um veículo automotor. Ninguém sai de casa com a intenção de matar alguém, mas a imprudência acaba ceifando vidas”, afirmou Fábio.
Após a repercussão, a motocicleta foi devolvida ao local, mas sem várias peças, que teriam sido retiradas durante o furto. Mesmo danificada, Fábio reforça que o veículo segue sendo um símbolo importante para o Instituto Ruan Santos, criado pela família para ações educativas.
“Ela serve como um símbolo para que a gente possa utilizar em palestras e ações de conscientização no trânsito. As peças foram retiradas, muitas estão deterioradas, mas acreditamos que ainda possam ser devolvidas”, disse.
Além da dor pela perda do filho e do episódio do furto, Fábio cobra justiça. Ele afirma confiar no trabalho das instituições e diz já ter buscado apoio junto à Polícia Civil e ao Ministério Público.
“Eu acredito numa boa investigação. Conversei com o delegado responsável e também com o Ministério Público. Senti comprometimento. A justiça precisa ser feita”, declarou. Ele também criticou o que chamou de silêncio do poder público municipal em relação ao caso.
Enquanto a investigação segue em andamento, a motocicleta de Ruan permanece como um símbolo de luto, memória e resistência, um alerta silencioso contra a imprudência no trânsito e um pedido por justiça que, segundo a família, não será esquecido.
Com informações do repórter João Cardoso para TV Gazeta e editada pelo site Agazeta.net



