Aos 42 anos, Jerusa Geber dos Santos, natural do Acre, é uma das grandes estrelas do atletismo paralímpico brasileiro. Com uma história marcada por desafios e vitórias, a paratleta de velocidade conquistou um lugar de destaque no cenário esportivo, inspirando outros atletas a não desistirem dos sonhos, mesmo diante das adversidades.
Jerusa começou a jornada no esporte aos 19 anos, pouco depois de enfrentar a deficiência visual. “Demorou um pouquinho, porque naquela época nem eu acreditava em mim mesma. Eu era muito fraquinha”, lembra. Com 39 quilos na época, ela conta que tinha dificuldades até para correr, caindo nas primeiras tentativas. No entanto, a vontade de superar esses obstáculos a levou a treinar e se dedicar cada vez mais ao atletismo.
A primeira grande conquista veio em 2005, quando representou o Brasil no Parapan de Cegos, marcando o início da trajetória. Contudo, a falta de apoio no Acre a fez buscar melhores condições de treino e suporte em Cuiabá, em 2006. Lá, conheceu o antigo treinador, falecido, e o atual marido, que na época foi atleta-guia. A mudança para Cuiabá foi fundamental para o desenvolvimento da carreira, culminando na medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008.
A busca por aperfeiçoamento levou Jerusa a se mudar para Presidente Prudente, São Paulo, no mesmo ano, onde reside até hoje. Desde então, a carreira foi marcada por diversas conquistas. Em 2019, no Mundial de Dubai, ela conquistou a primeira medalha de ouro em uma prova individual, ao lado do atual atleta-guia, Gabriel. Nos Jogos Parapan Americanos de 2023, em Santiago, ela brilhou novamente, conquistando o ouro nos 100 e 200 metros.
O ápice da carreira, no entanto, veio nas Paralimpíadas de Paris, em setembro de 2024, quando Jerusa subiu ao lugar mais alto do pódio nas provas favoritas, os 100 e 200 metros rasos, além de bater o recorde mundial nos 100 metros, que a pertencia. Ao todo, Jerusa participou de cinco edições dos Jogos Paralímpicos (Pequim, Londres, Rio, Tóquio e Paris), conquistando seis medalhas, sendo duas de prata, duas de bronze e, finalmente, as duas de ouro em Paris, que faltavam para completar a coleção.
Atualmente, Jerusa se considera realizada e acredita que alcançou mais do que esperava. “Meu sonho era pequeno, era só participar de uma Paralimpíada. Eu participei de cinco e conquistei seis medalhas”, afirma. A história de superação inspira jovens atletas, especialmente aqueles que enfrentam adversidades, a acreditar nos sonhos. “Nossa limitação não impede de estar fazendo uma atividade física e não é motivo para se lamentar. Tem que acreditar em você mesmo.”
Matéria produzida pelo repórter Marilson Maia para a TV Gazeta.