Admissão foi feita em coletiva de imprensa
Os promotores e procuradores do Gaeco, o Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Acre confirmaram, durante entrevista coletiva nessa quinta-feira, que Marcus Hulk, o ex-diretor de Serviço Social da Secretaria de Estado de Habitação, teve o pedido de delação premiada homologado.
Em troca de redução da pena, ele contou à Polícia Civil e ao Ministério Público como funcionava o esquema de vendas de casas do programa Minha Casa Minha Vida. Hulk foi um dos presos na Operação Lares, acusado de operar uma organização criminosa que negociava as unidades habitacionais do conjunto Rui Lino III.
Os promotores vão juntar ainda os depoimentos de Cícera Dantas e Rossandra Maia, acusadas de fazerem parte da quadrilha, que citaram vários funcionários do alto escalão do governo. Essas pessoas escolhiam quem deveria ser beneficiada pelas casas em troca de apoio e votos.
As duas mulheres e o diretor administrativo Daniel Gomes estão presos, Marcus Hulk chegou a ser detido, mas, como virou delator, está livre para responder o processo.
O Ministério Público entregou à Justiça a denúncia contra 10 pessoas que são apontadas como membros de uma quadrilha que atuava nas negociações das casas. Segundo a promotora de Justiça Marcela Osório, os nomes que surgiram durante os depoimentos, os promotores vão abrir outra linha de investigação em busca de provas.
“Dependendo do que for apurado, outra denúncia será montada com os nomes de outros envolvidos, mas, por enquanto, a materialidade recai sobre essas 10 pessoas”, relatou.
Os membros do Ministério Público não descartam que a investigação possa ser direcionada para a esfera federal. Segundo o procurador Álvaro Pereira, os recursos do programa Minha Casa Minha Vida, são oriundos da Caixa Econômica Federal, e, em tese, o inquérito deveria ser apurado pela Polícia Federal, principalmente agora, que surgiram membros e até secretários de Estado como suspeitos.
Existe até uma funcionária da Polícia Civil citada. “Esse processo vai chegar a um ponto que ficará ligado completamente à esfera da Justiça Federal, justamente por causa da fonte de recursos. Por enquanto estamos fazendo a nossa parte”, disse.
As 10 pessoas denunciadas que faziam parte da quadrilha estão sendo acusadas de falsidade ideológica; corrupção passiva; prevaricação; fraude processual e organização criminosa. Dos 10 acusados, apenas três estão presos, outros seis respondem em liberdade e Marcus Hulk é delator.