A formação docente é um processo contínuo e inacabável, embora possa ter um marco inicial. O professor exemplar dedica-se integralmente à profissão, buscando aprimoramento constante por meio de estudos teóricos e da vivência em seus contextos sociais, políticos e culturais. Na graduação em licenciatura, o estágio supervisionado desponta como uma fase crucial nessa edificação profissional. Durante essa etapa, vivenciam-se experiências significativas e relatos marcantes para aqueles que abraçam essa carreira admirável e desafiadora. E serão essas narrativas que apresentaremos neste texto aos leitores.
Neste texto, vocês acompanharão o momento mais significativo na formação de três estudantes do curso de Licenciatura em História: a regência, etapa crucial do estágio supervisionado em que os graduandos exercem o papel de professor.
Pelo olhar dos futuros profissionais da educação
Durante nossa regência, vivenciamos diversos momentos marcantes, mas é unânime que a regência, a “aula formal”, foi o pilar estruturador central para a nossa futura carreira docente. Isso não se deu apenas por estarmos sendo avaliados por nossa orientadora, mas, principalmente, por termos experimentado mais uma daquelas viradas de chave que as pessoas mais experientes e sábias costumam relatar aos mais jovens: o momento em que tiveram a certeza de estar trilhando o caminho certo.
Para superar esse desafio, recorremos a todas as experiências que havíamos vivenciado até então: a elaboração da proposta didática decolonial, uma inesperada regência no primeiro dia de estágio e semanas de observação, durante as quais identificamos as individualidades dos alunos que poderiam enriquecer a nossa aula. Com essas lembranças em mente e no coração, iniciamos a discussão sobre o percurso que adotaríamos no dia 26 de março.
Unindo nossas próprias experiências como alunos e tentando imaginar o tipo de aula que mais os engajaria, aproveitamos essa oportunidade para esboçar algumas ideias que serviriam de base para estruturarmos uma aula que, além de apresentar o conteúdo a ser estudado, pudesse também estimular o senso crítico, novas perspectivas de mundo e uma reflexão sobre o que eles já acreditavam entender sobre o assunto. Desejávamos criar uma aula e atividade que despertasse a curiosidade e a participação de todos.
Com essas ideias definidas, demos o próximo passo: a elaboração do material expositivo da aula, os slides. Cientes do apreço dos alunos por desenho e, consequentemente, por animações, criamos uma apresentação que utilizava referências visuais para abordar o tema, trazendo um elemento já familiar em seu cotidiano.
Trecho do material utilizado na exposição da aula regência

Ao estabelecer ligação entre personagens e eventos históricos reais, conseguimos despertar a curiosidade dos alunos, que fizeram diversas perguntas sobre o tema, permitindo que aprendessem o conteúdo que desejávamos transmitir. Utilizamos essa metodologia ao longo de toda a aula, e ela foi muito bem recebida por todos, resultando em sorrisos gratificantes, perguntas interessantes e pedidos para que permanecêssemos por mais tempo.
Quanto à atividade que planejamos aplicar após a exposição do conteúdo, dentre as ideias discutidas, optamos por aquela que chamamos de “Construindo a Nação em 40 Minutos”, onde disponibilizamos materiais diversos para que os alunos, organizados em equipes, pudessem criar infográficos que sintetizassem os elementos que haviam absorvido durante a aula.
Alunos(as) realizando a atividade “Construindo a Nação em 40 Minutos”

A recepção dos discentes não poderia ser melhor: eles participaram sem que precisássemos pedir. Com a nossa ajuda, juntaram-se em grupos e pudemos observar que o que tínhamos planejado deu certo. Além de conversarem entre si sobre o assunto e ajudarem os colegas que não haviam entendido algum dos temas (e, claro, também nos perguntando se tinham entendido corretamente), trabalharam em conjunto na construção do infográfico e puderam utilizar sua criatividade para transformar seus trabalhos nas identidades únicas de cada grupo, fazendo, assim, cada um carregar os elementos específicos do assunto disposto e suas interpretações sobre o mesmo.
Foi com os resultados incríveis desses trabalhos que encerramos mais um momento transformador em nossas vidas como educadores. A receptividade das crianças, dos funcionários da escola e da professora supervisora foram essenciais para o sucesso que alcançamos nesse estágio de observações e práticas. O tempo passou tão rápido que ainda não nos acostumamos com a ideia de não trabalharmos mais com os formidáveis alunos do 7º “A” 1. No entanto, ficamos extremamente felizes em saber que, de alguma forma, pudemos fazer uma pequena diferença em suas vidas, assim como eles fizeram nas nossas. Concluímos o “Estágio Supervisionado em Ensino de História V” com a certeza de que estamos no caminho certo, e esperamos que no futuro possamos compartilhar mais sobre nossas experiências.
Os estagiários Mariana Maia, José Lucas e Lucas Nobre

Texto por:
Lucas Santos Nobre: Discente do Curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Acre – Ufac. Bolsista do Programa de Iniciação Cientifica – Pibic/CNPq, com o projeto intitulado “Entrecruzos socioculturais: os enunciados dos “corpos” e o mosaico étnico nas/das Interamazônica” com vigência de 2024 a 2025.
José Lucas da Costa Costa: Discente de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Acre-UFAC. Atualmente atua como bolsista no Programa de Pró-cultura da Proaes-UFAC, e Programa de Educação Tutorial (PET) Educação Antirracista do Neabi/Ufac.
Mariana Ferreira Maia: Licencianda em História pela Universidade Federal do Acre; Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/UFAC) com projeto intitulado Antes do Brasil da Coroa existe o Brasil do Cocar: História do Brasil e representação da mulher indígena.