A gravação de tortura começou a ser divulgada semanas antes da sua morte
Nessa primeira semana de fevereiro começou a ser divulgado nas redes sociais um vídeo de tortura contra um morador rua, Renan Almeida Souza, que era mais conhecido como Negou Bau, uma das figuras mais populares de Rio Branco. Ele morreu no dia 15 de janeiro desse ano, após sofrer uma parada cardíaca no Pronto Socorro da capital acreana.
O vídeo foi gravado a noite por um homem que ainda não foi identificado, e divulgado semanas antes da sua morte, na gravação é possível identificar que ele discute com o Nego Bau por ele ter suspostamente entrado na sua casa, após isso ele também filma o momento em que amputa o seu dedo.
Segundo o delegado de Polícia Civil, Pedro Paulo Buzolin, que investiga o caso, antes do vídeo ser divulgado na mídia, eles já tinham acesso e com isso iniciaram as diligência sobre esse caso.
“A princípio se trata de um crime de tortura praticado contra o Nego Bau, que veio a óbito no Pronto Socorro aqui de Rio Branco. Aparentemente a morte não possui ligação direta com com a tortura, mas isso quem poderá esclarecer é a perícia, nós iremos fazer a análise do prontuário médico da vítima para aí conseguir segurar de forma mais clara o crime que ali foi praticado”, explicou o delegado.
As investigações, segundo o delegado, apesar de estarem adiantadas, irão permanecer em sigilo, e em breve serão divulgadas mais informações sobre o caso. “A gente não pode dizer quais diligências foram realizadas, mas é que a investigação já está em uma fase avançada”, concluiu.
Ministério Público
Diante das novas denúncias envolvendo a morte de Renan Almeida de Souza, o Nego Bau, ocorrida no dia 15 de janeiro deste ano, a coordenadora do Núcleo de Atendimento Psicossocial (Natera), procuradora de Justiça Patrícia de Amorim Rêgo, enviou ofício à Direção Geral da Polícia Civil pedindo a instauração de inquérito policial e/ ou o redirecionamento da investigação em curso.
O documento foi encaminhado na noite deste sábado, 5, depois que a imprensa divulgou que Nego Bau teria tido o dedo decepado dias antes de morrer. Para o Ministério Público do Acre (MPAC) em tese, houve crime de tortura e lesão corporal gravíssima. A vítima era uma pessoa em situação de rua, com transtornos mentais e agudo grau de dependência química.
O MPAC reafirma seu compromisso na defesa e proteção dos direitos fundamentais deste público hipervulnerável, inclusive, na constante busca da efetiva justiça, cada vez que tais direitos forem desrespeitados.
Informações adicionais do Ministério Público Acre