Mesmo após a identificação do autor do assassinato do ativista cultural e colunista social Moisés Alencastro, a Polícia Civil do Acre informou que o crime ainda não está totalmente esclarecido. A principal linha de investigação agora é a suspeita da participação de uma segunda pessoa no homicídio ocorrido dentro do apartamento da vítima, em Rio Branco.
A informação foi confirmada pelo delegado Alcino Ferreira Júnior, responsável pelo caso, durante coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (24). Segundo ele, a definição da autoria representou apenas o primeiro passo da apuração.
“Autoria definida, a gente acredita que tenha uma segunda pessoa envolvida também, que ainda será objeto de aprofundar as investigações para a gente também fazer essa identificação”, afirmou.
Indícios surgiram a partir da análise do local
De acordo com o delegado, os elementos que sustentam essa hipótese surgiram a partir da análise da cena do crime e dos depoimentos colhidos nas últimas 48 horas.
“Nós acreditamos que, pelas informações que já foram juntadas aos autos, inclusive, tinham duas pessoas no apartamento, sim, além da vítima”, explicou.
Outro fator que reforça essa linha investigativa é a ausência de sinais de arrombamento no imóvel.
“Pelas circunstâncias de não arrombamento no domicílio, não ter sinais de violação, faz crer que as pessoas que estavam no apartamento entraram de forma consensual”, acrescentou Alcino Ferreira Júnior.
Hipótese de latrocínio é afastada
O delegado também afirmou que, apesar da subtração de bens, o crime não teria sido planejado inicialmente como um roubo.
“Às vezes pode ter a falsa impressão de que, pelo fato de ter subtração de bens, necessariamente seria um latrocínio, mas essa verdade não é absoluta”, pontuou.
A investigação aponta que o homicídio pode ter ocorrido após um desentendimento entre pessoas que já mantinham algum vínculo com a vítima.
“Possivelmente amigos, pessoas que eram do relacionamento da vítima. Ali dentro pode ter acontecido um desentendimento que levou ao óbito”, disse o delegado.
Segundo a polícia, somente após o crime houve a subtração de objetos.
“Em seguida foi observada a oportunidade de subtrair bens. Daí a gente diz que acontece um concurso material de crimes, onde houve um homicídio qualificado seguido de um furto”, detalhou.
Uso de cartões bancários após o crime
A Polícia Civil confirmou ainda que cartões bancários de Moisés Alencastro foram utilizados após o homicídio. De acordo com o delegado, houve tentativa de uso em um estabelecimento comercial, mas a transação foi negada.
“O autor teria se apropriado dos cartões bancários da vítima e tentado passar valores em um comércio. Coletamos imagens que foram importantes para a confirmação da autoria”, relatou.
As imagens e demais provas já foram incorporadas ao inquérito policial.
A identificação do segundo possível envolvido é tratada como prioridade pela Polícia Civil. O inquérito também aguarda a conclusão de laudos periciais e do exame cadavérico para o fechamento técnico do caso.
“A gente precisa do laudo cadavérico para poder fechar certinho”, concluiu Alcino Ferreira Júnior.
As diligências seguem tanto na capital quanto no interior do estado.
Relembre o caso
Moisés Alencastro foi visto pela última vez no domingo (21). Após perderem contato, amigos e colegas iniciaram buscas. O sinal do celular indicou localização no bairro Eldorado. Diante da ausência de respostas, o Ministério Público do Acre (MPAC) autorizou o arrombamento do apartamento.
O corpo foi encontrado deitado sobre a cama, na noite de segunda-feira (22), com ferimentos provocados por faca. O óbito foi confirmado pelo Samu. A área foi isolada pela Polícia Militar, e o corpo recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML). O caso segue sob investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).



