A sobrecarga de trabalho e a falta de apoio psicológico voltaram a acender um alerta no sistema prisional acreano. Policiais penais denunciam casos de depressão, tentativas de suicídio e até mortes relacionadas ao estresse da profissão.
O policial penal Janes Peteca afirma que o ambiente pesado dentro dos presídios afeta diretamente a saúde dos servidores. “Uma pessoa que está lá dentro do chapão, abrindo o cadeado mesmo estando deprimido, é preciso que seja feito um planejamento de uma política de saúde constante com esses servidores. Trabalhamos em um ambiente pesado. Este ano, cinco pessoas já morreram”, denuncia.
A categoria aponta ainda a falta de efetivo como um dos principais fatores para o adoecimento mental. Segundo os policiais, a ausência de novos chamamentos de profissionais aumenta a carga sobre os que já estão na ativa, intensificando quadros de ansiedade e depressão.
Um exemplo é o servidor Janilson, que perdeu parte da visão após ser atingido por disparo de fuzil em uma rebelião em 2023. “Estou lutando para vencer. Todos os colegas e a sociedade têm me ajudado, e espero que continuem. O Estado e o povo precisam saber o que essa classe está passando”, diz.
Em resposta, o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) informou que vem adotando ações de prevenção e cuidado. A chefe da Divisão de Assistência ao Servidor Penitenciário, Adriana Maia, citou palestras, rodas de conversa e atendimentos médicos como medidas já em andamento.
“Este ano levamos ao presídio consultas médicas do clínico geral. Temos a implementação de salas de descompressão, feitas no ano passado. Agora estamos em fase de construção da clínica exclusiva para o servidor penitenciário, que vai contar com odontologia, psicologia, psiquiatria, pilates e fisioterapia”, explica.
Segundo Adriana, a clínica será um espaço completo e dedicado apenas aos servidores penitenciários, com o objetivo de reduzir os impactos da rotina e oferecer acompanhamento contínuo.
Especialistas em saúde mental reforçam que a prevenção passa por reconhecimento precoce dos sinais de adoecimento, criação de redes de apoio no ambiente de trabalho e acompanhamento psicológico contínuo. Medidas simples, como oferecer espaços de escuta, incentivar a busca por atendimento profissional e promover atividades que aliviem o estresse, podem reduzir os riscos de depressão e suicídio entre servidores. A recomendação é que colegas, gestores e familiares fiquem atentos a mudanças de comportamento e estimulem a procura por ajuda especializada.
Com informações do repórter João Cardoso, para TV Gazeta.

