Por Inayme Lobo para o Agazeta.net
A morte de Sandra Silveira Bezerra, de 49 anos, na última quarta-feira (15), vítima da ”Doença do Pombo”, gerou dúvidas a respeito das causas e transmissões da enfermidade. A ave através das fezes transmite mais de 50 tipos de doenças, causadas por meio da inalação de uma poeira gerada pelas fezes secas do animal, contaminada por fungos criptococose e histoplasmose, ou bactéria clamídia.
É necessário deixar claro que o contágio não ocorre de uma pessoa doente para outra, o meio de transmissão são os animais que se proliferam rapidamente, eles podem ter de quatro a seis ninhadas por ano.
Algumas doenças como a criptococose, histoplasmose e clamídia, comprometem o aparelho respiratório e podem também afetar o sistema nervoso central, no caso da criptococose. Além disso, outra doença é a salmonelose, ela pode ser transmitida por meio de alimentos contaminados por fezes de pombos que contém a bactéria, que compromete o aparelho digestivo.
Segundo a médica acreana infectologista Cirley Lobato, ao inalar esses esporos eles vão para o pulmão, causando uma pneumonia que compromete o órgão. Os sintomas podem ser confundidos com uma pneumonia bacteriana ou uma gripe forte, devido a semelhança dos indícios.
“Existem dificuldades nos diagnósticos para os assintomáticos, porém o diagnóstico é feito quando se pensa no agravo, então se os pacientes têm manifestações respiratórias, um raio x de tórax mostra imagens características da doença. Já uma tomografia, mostra se o paciente tem criotococose, mas caso ele tenha um comprometimento cerebral das meninges, vai ter imagens que são características da doença”, explica Lobato.
A especialista esclarece que devido os sintomas da doença serem parecidos com as outras, é importante a atenção médica para investigar o caso, como saber a rotina do paciente, os locais que frequentam para entender o desenvolvimento dos sintomas.
“Dor de cabeça que não passa mesmo tomando remédio, vômitos, alteração de comportamento, o paciente fica agressivo, pode não reconhecer as pessoas, podendo evoluir para um coma e posteriormente ao óbito”, relata a médica.
Após ter contato com o fungo existe um período de incubação que pode levar de dois dias até 18 meses para uma manifestação plena. Em caso de suspeita da doença o ideal é procurar um infectologista.
“Em alguns pacientes que tem imunodepressão, pacientes com HIV, pessoas que fazem tratamento para câncer, elas podem evoluir muito rápido para algo mais grave, para uma meningite”, finaliza a médica.
Tratamento
O diagnóstico da criptococose também é feito com a coleta do liquor da espinha, o tratamento com medicamentos antifúngicos endovenosos é iniciado imediatamente. Devido à gravidade da doença, os casos são analisados individualmente para definir tratamento de acordo com o quadro clinico do paciente, além disso algumas sequelas podem ocorrer, alteração na visão, alteração na audição ou paralisias.
Higiene
Segundo cartilha de orientação, divulgada pela Coordenadoria Técnica de Vigilância em Saúde, Departamento Técnico de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Barueri – SP, o manejo e controle de pombos devem seguir de forma cautelosa, de acordo com as recomendações.
Para higienizar os locais que contém fezes de pombo é importante utilizar proteção para a região da boca e nariz, utilizar uma máscara de proteção e luvas. Para evitar que as fezes secas disseminem o pó contaminado pelo ar durante a limpeza, umedeça bem as fezes com solução desinfetante a base de cloro, em seguida proteger alimentos e água do acesso das aves e suas fezes.
Prevenção
Alimentar o animal é uma forma de atrair e mantê-lo nas proximidades, a ave irá buscar um ambiente seguro para estabelecer seus ninhos, portanto comida e abrigo são importantes para o animal sentir-se seguro para reprodução.
Alguns procedimentos podem ser adotados para manter o pássaro distante de residências e áreas comercias. Não alimente os pombos, recolha sobras de alimentos de animais domésticos, mantenha o lixo protegido para evitar acesso a sobras.
Instalar telas de proteção em vãos e aberturas que podem ser usados para criar ninhos. Alguns lugares comuns são telhados, estruturas de ar condicionados, também devem ser protegidos para não serem abrigos.
A utilização de fio de nylon ou arames em locais de pouso, como beirais, floreiras, em uma altura de 10 cm. Em caso de beiral largo, estique outros fios a casa 3 cm, por fim a alteração da área da superfície de apoio das aves, para que fique com inclinação de mais de 60 graus. Nos centros urbanos, podem viver aproximadamente de 3 a 5 anos, enquanto no habitat natural pode chegar a 15 anos, portanto não oferecer condições para o seu desenvolvimento pode diminuir a intensidade populacional dos pombos.
Estagiária supervisionada por Gisele Almeida