População divide opinião em relação à polêmica
A opinião da população acriana se divide em relação ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Para os estudiosos do campo político, o processo é prejudicial à democracia e não representa uma mudança radical nos rumos do país.
O cientista social Nilson Euclides é enfático em classificar como traumático para a democracia, o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
“A herança que esse processo deixa, o processo político é que primeiro a aprovação se deu por conta setores descontentes da sociedade brasileira, por um Senado que também tinha interesses na condução do vice-presidente e o que isso pode ter de efeito negativo? Nós podemos estar aqui ampliando as relações de favores e troca, que sempre caracterizou a política brasileira”, explica.
“Qual é a garantia que o futuro presidente eleito pelo povo tem de terminar o seu mandato, caso ele entre num processo de impopularidade e perca sua base de sustentação. Qualquer argumento por mais frágil que seja, juridicamente falando, pode servir de base para um processo político e retirada de um presidente da república”, afirma.
Condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas “pedaladas fiscais” no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional, Dilma entra pra história como a primeira presidente retirada do cargo por meio de impeachment. Para o professor universitário, o processo foi bem conduzido do ponto de vista do rito, mas se legitimou com argumentos frágeis.
Nas ruas, a população se divide em relação à conclusão do processo. Entre as opiniões, está a de que seria necessário corrigir o percurso da crise política, com novas eleições.
“O Brasil nunca foi de ninguém e o pessoal do PT ta mal acostumando a achar que os brasileiros é um rebanho deles, achei muito válido”, disse a estudante Letícia Santos. “Acho que vai mudar, as coisas vão começar a andar de agora pra frente”, opina o aposentado Francisco Ferreira.
“Quando o PT assumiu eu acho que ficou pior por que a maioria das carteiras assinadas sumiram, desapareceram e nós ficamos sem oportunidade de trabalho. Então o impeachment foi bom pra ver se o país melhora” , disse o vendedor ambulante Rodrigo Silva. “Por mim ela continuaria, não tenho nada contra ela”, disse a estudante Rafaela Martins.
“Na minha opinião tinha que haver novas eleições”, sugere o autônomo Raimundo Fernando. “Acho que foi injusto por que estavam lá julgando pessoas que fizeram até pior. Tinha que ter nova votação”, propôs a servidora pública Maria Auxiliadora. Com a decisão histórica desta terça-feira (31), Dilma Rousseff deverá desocupar em até 30 dias o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, em Brasília.