Na convenção, retórica da humildade e a “alma da cidade”
Quatro anos se passaram desde que Marcus Alexandre e a cúpula da Frente Popular do Acre prometeram trazer inovações para a gestão pública na Prefeitura de Rio Branco. Passou rápido. Logo de início, o prefeito eleito em 2012 foi apelidado carinhosamente de “Chame Chame”, uma corruptela migrada de um jingle de campanha.
Três alagações depois, o caso de carinho certamente não é o mesmo. O natural desgaste da relação entre prefeito e comunidade vai exigir uma retórica diferente. Aquela da novidade não colou porque não foi factual. Não houve inovação. Em nenhuma área da gestão. No estrito sentido da palavra, não houve.
O que se viu (e isso é inegável) foi um prefeito trabalhador… um prefeito mestre de obras… que acorda cedo e vai tomar café nas feiras e mercados. O acriano se identifica com isso: com o homem que madruga; “que acompanha as coisas de perto”.
Mas, isso, a rigor, não tem nenhum efeito prático para a gestão. Consolida uma imagem, claro. Mas, não se pode dizer que isso seja “inovação” ou que guarde alguma relação com eficiência. Os problemas em infraestrutura e transporte que o digam.
A fortaleza de Marcus Alexandre reside em um aspecto: assim como Raimundo Angelim, Marcus Alexandre passa incólume no que se refere à corrupção. Não há relatos de casos concretos em seu governo sobre o assunto. Isso, em tempos de Lava Jato é um ponto a favor.
O que não o diferencia da principal concorrente, Eliane Sinhasique (PMDB) que, apesar de nunca ter assumido cargos no Executivo, tem a imagem cristalina em relação ao tema também.
E o que se viu ontem (22) na convenção da Frente Popular do Acre? O mais do mesmo. “Eu aprendi em 2012 que campanha a gente faz com humildade, com o pé no chão, com trabalho e com fé no coração. Campanha a gente faz com humildade. Ouvindo, conversando com as pessoas. Nós vamos começar de novo”, ensinou. “Quatro anos depois e com muito trabalho nós buscamos cumprir cada compromisso que eu assumi com a população”.
Para não dizer que são inexistentes, são muito raros os exemplos de humildade em Política. Difícil até de ter referências. A Política não é dada a humildades.
Mas, há um aspecto que soou estranho na fala do candidato na noite da convenção. “Em 2012 já conhecia a cidade, ruas, avenidas, a estrutura, o funcionamento. Nesses quatro anos eu pude conhecer a alma de Rio Branco”. Esse viés quase espiritualista do gestor é pouco conhecido.
A repórter Gislaine Vidal acompanhou a convenção na noite de sexta-feira. Registrou que na chegada ao Ginásio Álvaro Dantas o ainda pré-candidato se apresentou com antecedência ao evento, tirou muitas fotos, “selfies” (o auto-retrato da moda) com os simpatizantes, abraços.
É a campanha entrando nos trilhos. Um ritmo que a neo-companheira Socorro Neri vai ter que se acostumar: chegou meia hora atrasada. Marcus Alexandre não teve alternativa: começou o evento sem a vice ao lado, observou a repórter Gislaine Vidal. À exceção da repórter, poucas pessoas sentiram a falta de Neri. A ausência sentida foi a do senador Jorge Viana, em missão parlamentar à China.
O coordenador da campanha da Frente Popular por Rio Branco é o líder do prefeito na Câmara de Vereadores, Gabriel Forneck. Ele vai ser o condutor de um grupo que diminuiu de tamanho. Em 2012, a coligação tinha 18 partidos. Hoje, tem 15. E vem com linguajar próprio. “Estamos ofertando à população 208 candidatos a vereador”, contou. “Vamos fazer uma campanha bonita, alegre”.
É tudo o que essa campanha promete não ser.