Exposição
Ontem (3), foi um dia incomum na Aleac. A derrota do Governo durante a votação que aprovaria a pessoa já nomeada para a presidência da Agência Reguladora de Serviços do Acre expôs muita coisa na relação do Palácio Rio Branco e o parlamento.
Outro placar
A questão de fundo não é nem valorizar o placar de 22 deputados votando contra o Governo. O fundamental é atentar para a fragilidade da base de sustentação de Gladson Cameli na Aleac. Ontem, a votação mostrou que Cameli não está assessorado politicamente.
Nome à frente do rito
O bicho em si, qual foi? A oposição cresceu o olho em cima de uma irregularidade: o governador “determinou” quem iria presidir a Agência Reguladora sem que antes a Aleac aprovasse o nome. A Ageac é uma autarquia do Estado e o cargo de direção precisa passar pelo crivo do parlamento.
Percepção e bote
Percebendo a irregularidade, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) deu o primeiro bote na tribuna. Apresentou o problema e mostrou que, tecnicamente, qualquer ato administrativo formalizado por uma direção de autarquia estatal ainda desautorizada pela Assembleia não geraria direito pleno, teria um “vício de origem”.
Deixa
Foi a deixa. Não para a oposição, mas sobretudo para os parlamentares da virtual base de apoio do Governo. Muitos se ampararam no argumento legalista apresentado por Magalhães para esconder insatisfações típicas da rotina da corte.
Bestene
O nome apresentado para a presidência da agência é vinculado ao deputado José Bestene (PP). Foi uma situação, no mínimo, constrangedora para um aliado de primeira hora do governador. Bestene precisa reconstruir relações entre os seus pares. Ficou evidente o quase isolamento dele na Casa.
Surreal
Não só o próprio líder do Governo na Aleac, deputado Gehlen Diniz (PP) votou com a oposição, mas o próprio presidente da Casa, Nicolau Júnior (PP), cunhado de Gladson Cameli, “acompanhou o voto do líder do Governo”. “Eu nunca havia visto algo assim na Assembleia Legislativa”, disse Edvaldo Magalhães.
Acorda
Ou o Gabinete Civil acorda para o dia a dia da Política, ou o governador Gladson Cameli vai ficar cada vez mais fragilizado. É preciso construir uma rotina do governador com o parlamento. Quantas vezes por semana Gladson recebe líderes de partidos ou parlamentares isoladamente em seu gabinete? É preciso aproximar essa relação. O diálogo deve ser uma forma de arma estratégica.
Redes sociais
Bestene parece estar em uma espécie de inferno astral. Áudio veiculado pelo site AC24horas mostra o deputado José Bestene (PP) conversando com um eleitor de sua base sobre nomeações de petistas no governo. A recomendação do parlamentar faria corar qualquer um da atual oposição, todos cordatos. “Tem que bater duro nas redes sociais”, orienta.
E agora?
O ensinamento de Bestene ao eleitor mostra que nem ele como parlamentar da base sabe usar com o cuidado necessário as redes sociais. A web é pedagógica e expõe aquilo que muitas vezes a rede de intrigas e interesses que a cortesia esconde.
E agora? II
Quem pode sair trincado dessa postura de Bestene é o secretário de Estado de Saúde, Alysson Bestene, sobrinho do parlamentar e que é alvo na mira do vice-governador Wherles Rocha que, por mais que negue, deve estar com aquele risinho machadiano, de canto de boca, gargalhando por dentro.
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