Em entrevista ao programa Gazeta Entrevista na terça-feira (12), a nova presidente eleita da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), Patrícia Dossa, expressou preocupações com a PEC 6×1. A proposta sugere a redução da carga horária semanal de trabalho de 44 para 36 horas, o que impactaria diretamente o setor comercial. Segundo ela, enquanto a ideia de mais tempo livre pode ser vantajosa para a saúde mental dos trabalhadores, as consequências financeiras dessa mudança podem afetar diretamente o consumidor e dificultar ainda mais o funcionamento de pequenas empresas.
Patrícia destacou que o comércio no Acre enfrenta desafios estruturais, como a alta carga tributária e a predominância de uma economia centrada no funcionalismo público. Ela apontou que a recente reforma tributária trouxe mudanças, mas ainda insuficientes para aliviar o peso fiscal sobre o comércio. “A nossa expectativa é que melhore, né? A gente sempre pensa que vai melhorar, a nova reforma tributária alterou muito pouca coisa”, comentou a empresária.
Sobre o impacto direto da PEC 6×1, Dossa afirmou que, com a carga horária reduzida, o comércio precisará contratar mais funcionários para suprir as horas de trabalho, o que resultaria em aumento de custos operacionais. “A população vai pagar por isso. Então a tendência é aumentar tudo, mais do que já está aumentando,” disse Patrícia, ao refletir sobre o custo final dos produtos ao consumidor. Ela destacou também o descompasso entre os custos de vida e o salário mínimo, pontuando que muitos trabalhadores dependem de atividades extras, como transporte por aplicativo, para complementar a renda.
A líder empresarial ainda chamou a atenção para o fato de que essa questão tem apoio de parlamentares de diferentes ideologias. Referindo-se à proposta do PSOL e ao amplo apoio que tem atraído entre políticos de diferentes partidos. Contudo, Dossa alertou sobre a necessidade de uma análise mais aprofundada da proposta, especialmente para evitar que as novas medidas comprometam a já complexa situação financeira das empresas e famílias brasileiras.
Além da PEC, a presidente da Acisa mencionou outros desafios enfrentados pelo comércio local, como a dificuldade de desenvolvimento econômico fora do eixo do funcionalismo público e o apoio limitado para a criação de indústrias na região. “Quando eu viajo, também todo mundo pergunta, tem indústrias no Acre? Não tem, não tem muita coisa. É o funcionalismo público mesmo,” lamentou Dossa, ao destacar o papel fundamental dos empresários na geração de emprego no estado.
A nova presidente da Acisa concluiu expressando uma visão cautelosa, reforçando que o setor comercial precisa de apoio para superar a alta carga tributária e a escassez de incentivos, enquanto novas reformas precisam ser discutidas com cuidado.



