Reintegração de posse realizada no bairro São Francisco, em uma área de invasão nos fundos do loteamento Mutamba, deixou mais de 80 famílias desabrigadas. A ação, realizada desde quinta-feira (21), conta com um amplo aparato de segurança da Polícia Militar, que circunda o local para garantir que os moradores deixem o local até sexta-feira (22) e impedir a permanência dos ocupantes do local.
A maioria das moradias, construídas com madeira e outros materiais simples, já foi demolida. Algumas famílias conseguiram contratar caminhões de mudança para retirar seus pertences, mas muitos não tiveram a mesma sorte. Sem recursos, seus bens pessoais estão sendo deixados a céu aberto.
Entre os relatos sobre a situação dos moradores, está o de Dona Antônia, uma moradora que desmaiou após conceder entrevista. Ela vive há anos na área e não tem para onde ir. “Eu só quero meu lugar, não quero nada de ninguém. Todo o meu sonho estava ali. Governador, pelo amor de Deus, tenha misericórdia, nos ajude. Não nos desampare agora!”, clamou em meio às lágrimas.
Outro morador, que mora há quatro anos no local, relatou que pretende reaproveitar a madeira de sua antiga casa para tentar construir em outro lugar. “Eles vieram e destruíram tudo. Não temos pra onde ir. Vamos para a rua, com tristeza e sofrimento”, desabafou.
Além da retirada forçada, moradores denunciam episódios de violência policial. Um homem foi preso e, segundo relatos, agredido ao resistir à retirada dos materiais de sua casa. “Arrancaram ele do carro, jogaram no chão, e ele ficou roxo. Cinco policiais o imobilizaram enquanto outros riam da situação. Além de perdermos moradia, estamos sem amparo, e passamos por opressão ”, afirmou Gabriela, outra moradora.
A Polícia Militar permanece no local para evitar o retorno das famílias. Moradores alegam que não receberam qualquer assistência do governo ou da prefeitura, como aluguel social ou uma alternativa de moradia digna. Uma tentativa de auxílio foi feita há dois anos, mas ofereceu apenas dois meses de aluguel social, insuficientes para resolver o problema de longo prazo.
Com a reintegração ainda em andamento, a expectativa é que até o final do dia todas as famílias deixem a área. Enquanto aguardam uma solução definitiva, os moradores seguem desabrigados, enfrentando a perda de suas casas e a incerteza sobre o futuro.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta