Brasil derrota a França (3 x 0) após longos 21 anos
Vitória larga de 3 a 0 sobre os franceses não refletiu o que foi o jogo de ontem. O time de Lucas e Daniel Alves só teve uma atuação mais segura no segundo tempo, período em que marcou seus três gols Foto: Reuters
A menos de uma semana de estrear na Copa das Confederações, o Brasil encerrou, de uma só vez, dois longos e incômodos jejuns. Graças a gols de Oscar, Hernanes e Lucas, a Seleção pôs fim, neste domingo, a uma sequência de 21 anos sem vencer a França, sua algoz em duas das últimas quatro Copas do Mundo. O placar de 3 a 0 na Arena Grêmio, com dois gols no finalzinho, também configura a primeira vitória do Brasil contra um rival campeão do mundo em três anos e meio.
O último triunfo contra um adversário de expressão datava de novembro de 2009, quando o Brasil venceu a Inglaterra. Depois disso, com seu time principal, a seleção perdeu de Argentina (duas vezes), Holanda, França, Alemanha e Inglaterra e também empatou com Portugal, Holanda, Itália e Inglaterra.
O resultado deste domingo dá moral à Seleção que estreia na Copa das Confederações, sábado que vem, contra o Japão, em Brasília. Mas a atuação não convenceu. Pouco depois do primeiro gol – de Oscar, aos 8 minutos -, Felipão deixou a equipe com três volantes. A equipe não rendeu tão bem, mas chegou ao segundo gol com Hernanes.
Nova história
O jogador da Lazio passou a fazer a função de terceiro homem de meio-campo e marcou aos 39 minutos. Com o gol, encerrou de vez um ciclo ruim na seleção. Depois de ter sido expulso contra a França, em 2011, ele ficou sem chances com Mano Menezes. Recuperado por Felipão, mostrou que tem vaga no time titular.
“Fiquei muito concentrado no banco de reservas, esperando a minha oportunidade, pois o último jogo contra a França deveria ser esquecido. Até achei que não entraria mais em campo. Mas joguei e consegui reescrever a história”, comentou o meia Hernanes, que deu a volta por cima depois da expulsão no amistoso de fevereiro de 2011, quando os franceses venceram por 1 a 0, e acabou ficando um longo tempo longe do time então dirigido por Mano Menezes.
Lucas foi outro a brilhar. O garoto do PSG fez boa parte da jogada do segundo gol e marcou o terceiro, de pênalti, honrando aqueles que pedem a entrada dele no time titular
Sem saltos
O técnico Luiz Felipe Scolari usou duas vezes o mesmo ensinamento popular para justificar o processo de crescimento da Seleção Brasileira que, neste domingo, venceu pela primeira vez em três anos e meio um rival de expressão. O treinador fez questão de lembrar que “a natureza não dá saltos”, para explicar por que a melhora tem sido gradual.
“Está sendo montada a equipe. Uma vez eu li em uma revista que a natureza não dá saltos. É verdade. Temos que ir trabalhando, para ter uma equipe competitiva e ganhar jogos”, disse o treinador, que assumiu a equipe apenas no fim do ano passado.
Neste período, ele não havia tido tanto tempo para treinar os jogadores como teve antes de levar o Brasil à vitória por 3 a 0 sobre a França. “Foi a primeira semana que tivemos sete dias para trabalhar. Agora vamos ministrar um treinamento que seja correto para eles (jogadores) chegarem (à estreia na Copa das Confederações) nas melhores condições físicas e técnicas”, destacou Felipão.
Ele comemorou que duas das desconfianças dos torcedores estão sendo sanadas: a falta de vitórias expressivas e a ausência de um esquema tático constante. “Hoje temos uma situação tática que está quase definida e a impaciência do nosso torcedor também era pelo fato de não ganhar de uma seleção grande há muito tempo”, reforçou Scolari, para quem a vitória vai ajudar no moral do time. “Nós voltamos a ter confiança naquela equipe que foi escalada e nos jogadores que entraram”, finalizou ele.
Jogo teve a segunda maior renda da história
Luiz Felipe Scolari dizia ter certeza de casa cheia e torcida única apoiando a Seleção Brasileira. E os presentes na Arena do Grêmio cumpriram a expectativa durante boa parte da vitória por 3 a 0 sobre a França, apesar de ter vaiado o próprio técnico e Neymar. E a presença foi histórica.
Os 51.643 pagantes não preencheram os 60 mil lugares à disposição no estádio, mas geraram uma renda de R$ 6.833.515,00. Na história do futebol brasileiro, o valor só é superado pelos R$ 6.948.710,00 gerados no 0 a 0 entre Santos e Flamengo no último dia 26 de maio no Mané Garrincha, estádio que receberá a estreia do Brasil na Copa das Confederações, no sábado, contra o Japão.
Apesar de algumas manifestações em prol do Grêmio, anfitrião do estádio, a torcida que tinha representantes de diversos clubes do Brasil, inclusive do arquirrival Inter, optou por entoar “Brasil” seguidamente, principalmente no primeiro tempo, com o auxílio do barulho de bastões de ar verdes distribuídos por organizadores do amistoso.
O clubismo que Scolari não queria apareceu desde os minutos iniciais, com pedidos pela entrada de Fernando, volante do Grêmio. Luiz Gustavo, que teoricamente estava no seu lugar entre os titulares, ouvia algumas vaias a cada toque na bola.