Grupo se diz “enganado” por candidatos
Dezenas de famílias estão morando na beira de um ramal, próximo à Estrada de Porto Acre. O grupo de sem-terra sofreu duas ações de reintegração de posse. Na última vez, as famílias foram enganadas por um candidato, que teria prometido o apoio do governo para o assentamento das famílias.
No mês de agosto do ano passado, dezenas de famílias de sem terra foram retiradas da fazenda Vista Alegre, localizada em um ramal no Km 7 da Estrada de Porto Acre. Segundo os líderes do movimento, moravam na área de aproximadamente 800 alqueires, cerca de 100 famílias. Com tudo que conseguiram levar do campo, se instalaram na beira do ramal que dá acesso à fazenda.
Os sem-terra justificam que invadiram a propriedade porque não é documentada. Depois de algumas semanas morando precariamente nos barracos, as famílias desocuparam a estrada e retornaram à fazenda Vista Alegre, confiantes de que a saga pela terra havia terminado.
Contudo, no mês de dezembro, sofreram uma nova ação de reintegração de posse. Foram retirados pela segunda vez da área e tiveram que voltar para a beira da estrada. No local, convivem com animais, falta de água potável e alimentação insuficiente. Entre o grupo, estão idosos, pessoas com dificuldades de locomoção e crianças.
Os sem-terra alegam que retornaram à fazenda, aconselhados por um político que apareceu no local na época da campanha eleitoral de 2014. O suposto candidato teria garantido que depois das eleições o governo negociaria a área com o proprietário e entregaria a posse dela, para as famílias desabrigadas.
“Ele disse que era ‘não seio o quê’ do governo e que ia ajudar nós (sic). Disse que estaria lá com a gente, mas não apareceu mais. Só foi promessa”, conta uma das líderes do movimento, Noemi Cláudio da Silva.
Cientes de que foram enganados, os sem-terra aguardavam até agora o fim do recesso do Judiciário. Segundo eles, um representante do movimento dos Direitos Humanos acompanha o caso e ajudou as famílias a entrar com uma ação requerendo a posse da Fazenda. “A gente quer que as autoridades olhem pra gente. A situação aqui é difícil. O que estão fazendo não é justo. Não queremos outra coisa, só terra pra trabalhar”, disse o sem terra José Valdo.
Nesta terça-feira (14), completou um mês da última reintegração de posse e as famílias alegam que não receberam no local nenhum representante do poder público. Na época da campanha eleitoral, até agências de publicidade estiveram no local para filmar o acampamento.