A minissérie “Senna”, lançada em 29 de novembro de 2024, mergulha na vida de Ayrton Senna, o maior ídolo do automobilismo brasileiro e um dos maiores da Fórmula 1. Produzida pela Netflix, a série não se limita a narrar suas vitórias, mas revela os bastidores tensos, emocionantes e muitas vezes perigosos de sua carreira. O enredo atravessa a ascensão do piloto desde as categorias de base como o kart e a Fórmula Ford até o auge na Fórmula 1, culminando na fatídica corrida em Ímola, em 1994.
Desde jovem, Ayrton demonstrava uma paixão inabalável pelas pistas. A série mostra sua mudança para a Inglaterra, onde enfrentou dificuldades financeiras e preconceito, mas nunca desistiu. Determinado a conquistar seu espaço, ele venceu corridas decisivas e logo chamou a atenção das equipes da Fórmula 1, estreando pela Toleman em 1984.
A famosa corrida no GP de Mônaco de 1984 é retratada com intensidade. Sob forte chuva, Senna ultrapassou carros muito superiores, quase vencendo a prova — um momento que marcou sua entrada definitiva no imaginário do esporte. As corridas em condições adversas tornaram-se sua marca registrada. O público acreditava que ele tinha uma conexão especial com as pistas molhadas, algo que ele mesmo descreveu como transcendental. Essa relação quase mágica com a chuva, quando parecia “dançar” sobre a pista, é um dos aspectos mais emocionantes retratados na minissérie.

“A chuva coloca todos os carros no mesmo patamar, mas não os pilotos“
– Ayrton Senna
Política, Perigos e Negligência
Além das vitórias e do talento de Ayrton, a série faz uma dura crítica à gestão política da Fórmula 1 nas décadas de 1980 e 1990. As decisões dos dirigentes eram frequentemente influenciadas por interesses comerciais e jogos de poder, deixando a segurança dos pilotos em segundo plano.
O acidente fatal de Ayrton, em 1º de maio de 1994, foi resultado de uma sucessão de erros e descasos da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), onde com um saldo de cinco acidentes, catorze feridos e duas vítimas fatais, incluindo Senna, o Grande Prêmio de San Marino de 1994 gravou seu nome em sangue na história da Fórmula 1.
A série mostra como a morte de Senna e do piloto austríaco Roland Ratzenberger se tornou um divisor de águas na década de 2000, levando a mudanças fundamentais na segurança do automobilismo, incluindo melhorias nos carros como: a reformulação da suspensão e a inclusão do Head and Neck Support (suporte de pescoço e cabeça/ HANS) e nos circuitos a morte do Ayrton fomentou a investigação e análise detalhada de 27 curvas que foram classificadas como perigosas ao redor de todo o mundo, onde todas foram refeitas. Além disso, a tradicional barreira de pneus também foi um avanço.
“Depois de Ayrton Senna, a Fórmula 1 nunca mais foi a mesma. Ele não foi apenas um piloto extraordinário, mas alguém que fez o mundo olhar para os riscos que corríamos.” — Damon Hill, ex-piloto e contemporâneo de Senna


O homem por trás do mito
Em meio às conquistas, Senna aborda também suas relações pessoais. Os romances com Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu são explorados com sensibilidade, mostrando como o amor e a vida pessoal eram constantemente sacrificados diante das pressões do esporte e da exposição pública. É de extrema importância ressaltar que a minissérie não tem como foco a vida amorosa do piloto, mas sim o mundo por trás do glamour do automobilismo e as nuances do piloto mais respeitado do mundo e que ate hoje é inspiração para milhares de brasileiros, incluindo aqueles que nunca o viram correr. Mesmo em meio ao sucesso, Ayrton carregava uma constante sensação de responsabilidade para com o Brasil.
“Eu corro para vencer. Mas acima de tudo, eu corro para fazer meu povo feliz.” — Ayrton Senna
A direção aposta em cenas dinâmicas e viscerais das corridas, usando uma combinação de filmagens reais, narrações históricas e efeitos visuais que colocam o público dentro dos cockpits. O realismo das cenas de corrida é um dos pontos mais elogiados pela crítica, que também destaca a forma como os momentos íntimos do piloto são apresentados de maneira respeitosa e profunda. Senna é mais do que uma minissérie, é o resgate da memória de “Beco”.

A minissérie conclui com uma homenagem emocionante ao legado de Ayrton Senna, mostrando como sua memória continua a inspirar gerações de pilotos e fãs ao redor do mundo.
“Ayrton não era apenas um piloto, ele era um herói nacional. Ele deu esperança a um país que enfrentava tantas dificuldades. Quando ele vencia, era como se todos nós vencêssemos.”
— Galvão Bueno, narrador esportivo
Senna foi elogiada pela crítica por seu roteiro emocional e cenas de corrida impressionantes, recriadas com precisão e realismo. As atuações também foram amplamente destacadas, especialmente a de Gabriel Leone, que conseguiu transmitir a complexidade de Ayrton.
Ainda assim, alguns críticos mencionaram que a minissérie poderia ter aprofundado mais as disputas políticas dentro do esporte. Contudo, a mensagem principal permanece clara: Ayrton Senna não foi apenas um piloto excepcional, mas um símbolo de esperança, luta e superação.
“Se um dia eu tiver que desistir de algo importante para mim, que eu desista dos meus medos.”
— Ayrton Senna
Elenco:
Ayrton Senna: Gabriel Leone interpreta o piloto com intensidade, capturando sua determinação e vulnerabilidade.
Galvão Bueno: Gabriel Louchard narrador esportivo brasileiro e amigo de Ayrton Senna. Além disso, recria a voz icônica que eternizou as conquistas de Senna.
Xuxa Meneghel: Pâmela Tomé apresentadora e namorada de Ayrton Senna de 1988 a 1990.
Adriane Galisteu: Julia Foti modelo e apresentadora, foi namorada de Ayrton Senna em seus últimos meses de vida.
Niki Lauda: Johannes Heinrichs piloto austríaco, tricampeão mundial de Fórmula 1 nos anos de 1975, 1977 e 1984 e consultor técnico da Ferrari, na Fórmula 1, na década de 1990.
Alain Prost : Matt Mella piloto francês, tetracampeão mundial de F1, 1985, 1986, 1989 e 1993, e um dos principais rivais de Ayrton Senna na Fórmula 1.

Senna é uma história sobre paixão, sacrifício e um legado que jamais será esquecido.