Eu sou aquela jovem senhora que na adolescência exercia sua rebeldia no gosto.
Explico. E talvez você mais jovem precise de tecla sap de sua mãe, pai, tia etc.
Enquanto todo mundo gostava de Biotônico Fontoura, eu odiava (mas tomava) e gostava mesmo era de Emulsão Scott. Sim, eu gostava daquele gosto de bacalhau e minha mãe jamais entendeu minha preferência por aquele gosto bizarro.
E tinha as músicas.
Geral amava música americana. Mas minha pessoa aos 14, 15 anos, só queria saber de rock inglês. Um parêntese para dizer que morava em Sena Madureira nessa época e você pode imaginar quão difícil era o acesso à música inglesa lá em 1984, 1985.
Nessa época, no auge da fome da Etiópia, todo mundo queria ajudar o povo etíope comprando/ouvindo o disco We Are The Word, eu queria mesmo era o do Live in Aid, porque estavam lá meus ídolos Bono, U2, Wham! George Michael, Duran Duran, Boy George, Sting e entre outros.
No Natal de 1984 eu não sabia nada da vida, mas aquela música do Live Aid para arrecadar fundos mexeu comigo. E, sim, eu consegui o disco lá em Sena City, porque o pastor da igreja era irlandês e ia passar as festas em casa com a família e no alto dos meus 14 anos vivendo numa igreja extremamente conservadora, pedi o disco e o pastor trouxe.
Esse período da minha rebeldia interna forjou meu caráter até hoje. Não gosto de miséria, não gosto de gente com fome, de injustiça e sempre, sempre, para sempre, vou ter sim opção preferencial pelos pobres.
E o movimento organizado por Bob Geldof e Midge Ure, me ajudaram nesse processo. Foi ouvindo Do They Know It’s Christmas? que ouço até hoje, que compreendi que, para além da Etiópia de 1984, existe um Acre de todos os anos que precisa de mais afeto, mais amor, mais alimento e mais atitude e não só no Natal.
Porque a Natividade é todo dia. Cristo em nós Esperança da Glória, precisa florescer diariamente. E para que isso aconteça, preciso regar esse sentimento com ações e atitude.
Talvez, e provavelmente, por isso, a menina que hoje é uma mulher madura de 53 anos, continua rebelde nos costumes, conservadora nos princípios e jamais vai se conformar com esse mundo tenebroso.
Não escrevo para que entendas quem sou, como sou, mas para que pelo menos, pelo menos, nesse Natal, mias que vir ao centro olhar as belas luzes da cidade, eu e você nos lembremos que nosso irmão merece nosso amor e nosso cuidado, pois a fome, a miséria, a invisibilidade e a rejeição social talvez não lhes permitam mais lembrar o que é o Natal e quem é Jesus.
E o meu convite, para além de ouvir a música que vou deixar aqui, é para que você, como eu, de alguma forma, os faça entender o verdadeiro sentido do Natal, com ações. Vamos?