Servidores da Educação da rede pública estadual, realizaram uma manifestação em frente ao prédio do governo estadual, em Rio Branco, nesta quarta-feira (10), em protesto contra a falta de negociação. Além disso, prometeram uma greve geral caso as demandas não sejam atendidas. Entre as pautas em questão, a categoria reivindica um reajuste de 3,62% do piso nacional do magistério e a reforma do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR).
Segundo relatos dos manifestantes, a falta de diálogo por parte do governo tem gerado insatisfação entre os servidores. Eles alegam que, após negociações anteriores, foi informado que não havia recursos disponíveis para atender às reivindicações da categoria, o que levou a uma mobilização e diálogo nas escolas nos últimos dias.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), Rosana Nascimento, expressou a revolta dos servidores com a intenção do governo em reduzir o interstício da tabela de carreira dos profissionais, considerado um retrocesso pela categoria. Ela destacou que, apesar das alegações de falta de recursos, há possibilidades de remanejamento e ajustes no orçamento da Secretaria de Educação que poderiam atender às demandas dos servidores.
“A Secretaria de Educação tem um gasto interno só na CEI de 30% do recurso da folha. O Quadro de Detalhamento de Despesa (QDD) pode ser remanejado. Então, pode fazer esse enxugamento e é possível, sim, atender e corrigir a injustiça que o senhor Gladson Cameli cometeu com a educação. Ele cortou o percentual dos nossos níveis, a diferença do médico superior, reduziu a nossa referência de 10% para 7%. E isso só ocorreu com a educação, ele não fez com nenhuma outra secretaria”, explica a presidente.
Além disso, ela esclarece que na semana anterior, foi feita uma mobilização para diálogos e foi informado que não tinha como haver reajuste naquele momento, e apenas seria pago 5,08% no mês de junho. Por isso, ela e os servidores fizeram os cálculos e foi constatado, que essa informação não era verídica e que poderia haver o reajuste.
“Nós ficamos a semana passada e esses dois dias na escola, mobilizando, dialogando, porque a gente vinha fazendo uma negociação e ele disse que não tinha um recurso, que só pagaria o reajuste 5,08% no mês de junho e já estourava. Corria o risco de não pagar a folha durante o ano. Nós pegamos as informações, fizemos nossos cálculos e tem um dinheiro que é possível sim. E no dia de ontem ele ficou de fazer algumas propostas com percentuais e nos apresentar na segunda-feira”, enfatiza.
A categoria aguarda propostas concretas por parte do governo e alega que as medidas adotadas até o momento têm prejudicado os profissionais da educação, com cortes em percentuais dos níveis e redução de referências. A falta de diálogo e a ausência de soluções efetivas têm levado os servidores a considerar a possibilidade de uma greve geral caso as reivindicações não sejam atendidas.
Em um comunicado, representantes sindicais convocaram a categoria para a paralisação como forma de pressionar o governo a atender às demandas apresentadas. A mobilização visa mostrar que os servidores estão unidos em busca de justiça e melhores condições de trabalho, incluindo o reajuste salarial pleiteado.
O secretário adjunto administrativo da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Reginaldo Prates, destacou que o governo está aberto para as discussões e acredita que será possível chegar a um entendimento. Ele ressaltou que a mesa de negociação está ativa e que foram apresentados cálculos e números para embasar as negociações.
“Ontem eu estive na assembleia e expliquei essa situação para uma comissão que foi aberta também lá. E ontem à tarde nós estivemos com todos os sindicatos para mais uma rodada. Foram apresentados os cálculos que eles fizeram, porque a secretaria entregou para todos os sindicatos abertamente todos os números. E a gente vem acompanhando a receita do estado para efetivamente ver em que ponto até onde poderemos chegar”, comenta o secretário.
Questionado sobre as paralisações em algumas escolas, o secretário não interferiu na decisão dos sindicatos, mas deixou claro que a mesa de negociação está aberta e que é importante que as partes se sentem e discutam os números para chegar a um acordo. Prates enfatizou a disposição do governo em negociar e encontrar um denominador comum para resolver a situação.
“É uma posição do sindicato em relação a isso, a gente não tem como interferir, mas ficou bem claro ontem com todos eles que a mesa está aberta, solicitamos até que isso não ocorresse. Entendo que é um pleito deles, mas entendo também que a gente precisa sentar e entender os números e a gente está disposto, estamos fazendo isso. É uma situação que não vai se perdurar, porque a mesa está aberta de negociações e com certeza chegaremos a um denominador comum”conclui.
A situação segue sendo acompanhada de perto pelos representantes sindicais e pelos próprios servidores, que buscam uma solução justa e adequada para as demandas apresentadas, para garantir melhores condições de trabalho e valorização da educação no estado.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Marilson Maia para a TV Gazeta



