Um índigena da etnia Katukina foi supostamente espancado e estuprado em penitenciária em Cruzeiro do Sul no último sábado (06). A informação foi divulgada nesta quinta-feira (11) pela diretoria do presídio Manoel Neri da Silva, local onde ele supostamente sofreu o abuso e pela Administração Penitenciária do Acre (Iapen).
Segundo o diretor do presídio, Elvis Barros, na tarde daquele sábado, o indígena foi conduzido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com um possível problema de saúde. Ele sangrava e reclamava de desconforto. Com isso, na volta à penitenciária, ele afirmou que havia sido abusado sexualmente.
“Na tarde do sábado, nós conduzimos o preso para atendimento médico , ele dizia estar se sentindo desconfortável, tendo em vista que estava sangrando e foi levado com um problema de saúde para a UPA. Ele foi atendido e no nosso entendimento foi um problema de saúde, porém, no retorno, afirmou que possivelmente teria sido abusado sexualmente”, diz.
Após a denúncia, a polícia começou a agir e solicitou uma série de exames cabíveis ao caso e interrogou algumas testemunhas para apurar o caso. Além disso, posteriormente a vítima teria falado que foi dopada, com isso, outros procedimentos foram feitos a fim de confirmar o caso, afirma o diretor.
“E a partir daí, nós tomamos as providências cabíveis com relação aos procedimentos internos no presídio. A gente ainda está colhendo as informações. Conversando com ele no primeiro dia, ele se mostrou um pouco nervoso, passou a informação de que foi, foi dopado, que dormiu, que acordou sangrando, enfim, teve uma série de situações. Foram feitos exames, todos os procedimentos legais cabíveis”, comenta.
Segundo informações da administração do presídio, existiam cinco indígenas na mesma cela, e após o ocorrido, todos foram separados em celas diferentes para que o crime pudesse ser apurado e cada um pudesse ser ouvido individualmente. A vítima também alegou que sofria uma série de ameaças durante os dias, até que finalmente aconteceu.
“Tem a orientação do CNJ, de separar os indígenas por celas. E todos eles estavam separados na mesma cela. Os 5 indígenas que nós temos na unidade estavam convivendo numa única cela. Ele alega também que já vinha sofrendo ameaças e abuso inclusive, essas palavras partiram diretamente do preso”, conclui.
Segundo o delegado da Delegacia de Cruzeiro do Sul, Adam Ximenes, para o indígena, o motivo da agressão e do abuso seria por conta dele ser pajé na comunidade Katukina, que é oposta à comunidade dos outros. Com isso, os outros detentos da cela supostamente teriam cometido esse crime.
“É uma pessoa que se identifica como pajé da comunidade Katukina. Ele informou que desde quando ingressou no sistema penitenciário, há aproximadamente 2 meses, vem sofrendo essas agressões e, inclusive, informou que era em razão do fato dele ser pajé e do fato dele ser de uma tribo distinta da da dos demais”, afirma.
A polícia recolheu materiais e investiga a situação para elucidar o caso. Enquanto isso, os presos devem ficar em celas separadas.