O delegado Emylson Farias em entrevista concedida nesta sexta-feira (11), falou sobre sua trajetória na Polícia Civil, os aprendizados acumulados ao longo dos anos e os desafios da categoria. Conhecido por sua atuação firme no combate ao crime organizado no Acre — especialmente durante o período mais crítico da segurança pública, marcado pelo enfrentamento ao chamado “Esquadrão da Morte” —, ele também já ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública.
Recentemente aclamado presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Acre (Adepol/AC), Emylson afirmou que aceitou a missão após conversar com delegados de diferentes gerações, da capital e do interior. “Sou uma pessoa do diálogo. E muitos colegas me ligaram, conversaram comigo. Se for pra não ter fratura, se for pra ajudar, a gente vem pra contribuir. Nossa proposta é de união, respeito e valorização.”
Durante a conversa, ele revelou que o plano à frente da associação é trabalhar com visão de longo prazo, deixando um planejamento que vá além de uma única gestão. “Não queremos um tom de personalismo. As instituições não podem ficar reféns de pessoas. Quando isso acontece, a sociedade perde. A impessoalidade é um princípio da administração pública.”
Emylson também destacou que a nova gestão pretende estabelecer um planejamento construído “a várias mãos”, com metas duradouras. “A gente está pensando em deixar um caminho para oito anos. Eu vou, depois vem outro. E o caminho precisa continuar.”
Saúde mental em pauta
Um dos principais pontos da entrevista foi a preocupação com a saúde dos profissionais da segurança pública, especialmente os delegados. Emylson citou estudos recentes que mostram índices elevados de transtornos psicológicos entre policiais militares e afirmou que a realidade na Polícia Civil é semelhante.
“Isso é uma das nossas maiores preocupações. A saúde mental dos servidores precisa ser vista com seriedade. Delegado de polícia também adoece. Vamos dar atenção a isso, sim.”
Por fim, o delegado reforçou a importância do diálogo e da escuta como caminhos para fortalecer a instituição e o serviço prestado à população. “Eu não acredito em evolução civilizatória sem diálogo. Se a gente não conversa com a sociedade, ela para de nos enxergar como garantidores do direito. E isso é grave. Precisamos ouvir, construir junto e corrigir os rumos quando for necessário.”
A posse da nova diretoria da Adepol/AC está prevista para o fim de maio. Até lá, Emylson acompanha a transição, já com a responsabilidade de liderar uma associação que representa mais de cem delegados no estado.