Mesmo sem registrar casos de sarampo há mais de duas décadas, o Acre acendeu o alerta e intensificou a vigilância epidemiológica em áreas de fronteira após a confirmação de 80 casos da doença na Bolívia. A preocupação das autoridades de saúde está centrada na alta transmissibilidade do vírus e na baixa cobertura vacinal registrada em diversos municípios acreanos.
Em coletiva de imprensa realizada nesta semana, representantes da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) detalharam as ações adotadas diante do cenário regional. De acordo com a secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, toda a rede assistencial está mobilizada. “Tanto os hospitais quanto os laboratórios estão preparados. A vigilância foi reforçada nas unidades hospitalares e nossa meta é obter resultados laboratoriais em até 72 horas em caso de suspeita de sarampo”, informou.
A médica infectologista Cirley Lobato explicou que o vírus do sarampo possui um poder de transmissão ainda maior que o do coronavírus. “É um vírus altamente contagioso, transmitido por gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. O período de incubação pode chegar a 14 dias e os sintomas incluem febre, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e conjuntivite. Em casos mais graves, pode evoluir para pneumonia, meningite e até levar à morte”, alertou.
Diante do risco, a orientação das autoridades é clara: em caso de sintomas suspeitos, a população deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima. Para conter possíveis surtos, a vacinação é apontada como a principal forma de prevenção — e também uma das maiores fragilidades no atual contexto.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações no Acre (PNI/AC), Renata Quiles, destaca que a cobertura vacinal está abaixo do ideal, especialmente entre adultos e jovens. “Nós estaríamos em situação confortável se a cobertura estivesse adequada. Em 2024 e 2025, temos bons índices de primeira dose entre crianças menores de dois anos, mas a segunda dose ainda é insatisfatória. Além disso, há uma grande população jovem e adulta sem registro de vacinação ou sem saber seu histórico vacinal.”
A responsável técnica pelas Doenças Imunopreveníveis da Sesacre, Renata Meirelles, reforçou o apelo à vacinação: “É preciso que a população entenda a importância de se imunizar. O risco não é apenas para crianças, mas para qualquer pessoa não vacinada. A circulação de pessoas entre os países e a vulnerabilidade vacinal tornam esse momento ainda mais delicado.”
Com municípios fronteiriços como Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia, o Acre mantém atenção redobrada. As barreiras sanitárias, ações educativas e busca ativa de não vacinados devem seguir como prioridade nos próximos meses, numa corrida contra o tempo para evitar o retorno de uma doença que já havia sido controlada no estado desde o ano 2000.
Com informações do programa Balanço Geral do Acre, para TV Gazeta.