As fortes chuvas registradas na última quinta-feira,25, elevaram rapidamente o nível dos igarapés Batista e São Francisco, em Rio Branco, e provocaram alagamentos em diversas áreas. Em alguns trechos, casas foram invadidas pela água. A situação começou a se normalizar apenas na sexta-feira,26, quando o volume dos igarapés apresentou redução.
Com a força das enxurradas, redes de esgoto cederam e vias ficaram comprometidas. No bairro Vitória, a Rua José Magalhães passou a oferecer risco a motoristas. Diante do cenário, o Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC) interveio junto à Prefeitura de Rio Branco para que máquinas e equipes fossem enviadas ao local, a fim de evitar acidentes.
O TCE informou que monitora o igarapé São Francisco há cerca de três anos e vem cobrando ações permanentes do poder público municipal para reduzir os impactos das chuvas sobre as famílias que vivem na região. Uma das medidas discutidas é a retirada de moradores que ocupam áreas às margens do manancial.
“Primeiro a gente quer se solidarizar com as famílias que estão já no parque e outras na casa de familiares, e aí nós estamos indo, se reunindo com outras instituições e fazendo esse acompanhamento direto com o São Francisco, mas outros igarapés também como o Batista, o Amaro, que é o igarapé ali ao lado da AABB, que causou também um transtorno danado por causa do elevado”, diz.
O TCE criou até um grupo de trabalho que conta com a ajuda da Universidade Federal do Acre, que fez vários levantamentos sobre o que se chama de ocupação irregular das margens do igarapé. Uma lei que tramita na Câmara quer aumentar o tamanho da área protegida do manancial, onde as construções deveriam ficar a 100 metros do igarapé.
“No momento da cheia, as chuvas são intensas e realmente causam estragos basicamente todos os anos. Então, a gente tem danos associados. O estudo da Ufac está direcionado a tentar entender o que a gente chama de resposta biológica da bacia. A gente quer saber, dentro da mancha do Igarapé São Francisco, quais seriam os impactos advindos da relação chuva-vasão”, explicar o professor Ricardo Ribeiro da Ufac.
A proposta do TCE é que a prefeitura faça a limpeza do canal do igarapé São Francisco e depois possa afundar ainda esse canal, deixando-o mais fundo e mais largo. Assim, quando transbordasse, não afetaria tantas residências ao redor. Mas, como sempre, medidas são apontadas, e o poder público apenas corre atrás do prejuízo.
“Nós temos um cenário difícil, mas ele não veio apenas agora, é um processo que vem acontecendo já há décadas e esse é o propósito do grupo de trabalho, envolve a recuperação dos serviços ecossistêmicos, envolve também uma atuação diretamente com as pessoas”, acrescenta o coordenado TCE, Rômulo Eugênio.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta e editada pelo site Agazeta.net



