Por Vitória Messias.
Lançado em abril de 2020, alternando entre mundos mágicos cheios de singularidades projetados por um simulador de universos, Clancy Gilroy, um apresentador de “Espaçocast”, transita entre planetas simulados, entrevistando diferentes personagens sobre meditação, ascensão espiritual, magia e diversos outros temas profundos, envoltos em ambientes psicodélicos. Os episódios da série em sua maioria, possuem o formato de conversação de um podcast, mas isso não se dá de maneira aleatória.
Os criadores Duncan Trussell, também conhecido por Stupidface (2007 – 2009), Galaxy Cabin (2007), e Story Pig (2014), e Pendleton Ward, conhecido por obras mais famosas como Hora de Aventura (2010 – 2018), e Bee e o Gatiorrinho (2016), fizeram esse projeto em parceria com a plataforma Netflix, a partir do podcast The Duncan Trussell Family Hour, em que ele entrevista professores de meditação como Jack Kornfield e Sharon Salzberg.

A animação espelha temas tais como, existencialismo, religião, saúde, filosofia, drogas, sexo, violência e até a própria vida de forma ímpar, em que o desenho é desconexo dos diálogos, além da vasta gama de situações mirabolantes. Desde um presidente de um planeta X que discute o uso de drogas com naturalidade, abordando causas e consequências, enquanto enfrenta zumbis, a um ser mágico prisioneiro que experiencia o renascimento após a morte em looping, em busca de aprimorar atitudes para alcançar a liberdade. Além do mais, a visão ontológica leva o leitor a pensamentos irregulares e dissonantes, que são indispensáveis para enxergar realidades diferentes e até mesmo questionar as situações do dia a dia.
Os relatos da série foram baseados no podcast original. É importante ressaltar que o último episódio retrata o relacionamento de Clancy e sua mãe. Neste episódio, os dois passam por rápidas transformações, possíveis somente em uma animação como esta. Durante o capítulo, eles entram em uma cápsula ao conversarem profundamente sobre a preparação para a morte e como a situação clínica de sua mãe era delicada, com médicos comunicando prognósticos de meses e até mesmo semanas de vida. Paralelo à realidade, este episódio foi gravado antes da morte da mãe de Duncan, ajudando o criador no processo de luto, o que tornou a série ainda mais especial e única.

A série não somente tem ótimo contraste entre ficção e realidade, como usa desses elementos para tornar algo que seria discutido com desatenção no cotidiano em uma incrível jornada no subconsciente. Vale a pena saborear esse desdobrar psíquico e relacionar a série com experiências individuais!