A reitoria da Universidade Federal do Acre (Ufac) publicou nesta terça-feira (2), uma nota repudiando aos supostos ataques desferidos pelo Comando Local de Greve Docente (CLGD-Adufac) e a notícia publicada pelo site “O Seringal”, intitulada “Guida nas cordas: Comando de greve expõe escândalo sexual na Ufac após rejeitar acordo”. Em resposta, o CLGD emitiu uma nota de esclarecimento nesta quarta-feira (3), rebatendo as acusações.
A nota da reitoria veio após a publicação da notícia que denunciava casos de assédio no Colégio de Aplicação da Ufac, criticando duramente a reitora Guida Aquino. Segundo a reitoria, a reportagem é uma tentativa de chantagem que visa macular a imagem da instituição. “Consideramos essa atitude uma grave tentativa de chantagem, que não apenas macula a imagem da instituição, mas também atenta contra os princípios fundamentais do ambiente acadêmico”, dizia o comunicado oficial.
A administração da Ufac argumentou que o uso do sofrimento de jovens estudantes como ferramenta de ataque é uma prática desrespeitosa, especialmente quando visa agredir a gestão de uma mulher, mãe e professora.
Em greve desde o dia 2 de maio, os professores têm tentado, sem sucesso, estabelecer um diálogo com a reitoria. Após a acusação, o CLGD divulgou uma réplica à nota institucional, destacando que tem sido cuidadoso para não expor as vítimas nem promover a expiação pública dos acusados, cujos direitos de defesa devem ser garantidos. “Nosso compromisso enquanto representantes da categoria em greve segue sendo a luta pela apuração célere de denúncias e pela instituição de protocolo de recebimento e acolhimento às vítimas no interior da universidade”, afirmaram os docentes.
O CLGD esclareceu que não foi abordado para fornecer declarações oficiais sobre o tema mencionado na notícia, negando qualquer autoria ou responsabilidade pela reportagem do site O Seringal. O Comando de Greve também desmentiu prontamente as alegações feitas pela notícia e informou que tentou entrar em contato com os responsáveis pelo site para solicitar correções no texto, a fim de evitar atribuições equivocadas de responsabilidade.
Expressando solidariedade à reitora Guida Aquino, o CLGD condenou discursos misóginos e desonestos, além do uso indevido de denúncias de assédio sexual para ganho midiático. O Comando reafirmou seu compromisso com críticas construtivas à gestão universitária e destacou a importância de um ambiente universitário plural e socialmente engajado.
Em busca de tomar decisões envolvendo o possível fim da greve docente, o comando convocou uma assembleia nesta quarta-feira às 14h30, em momento delicado o possível encerramento da paralisação assola a comunidade acadêmica.

Confira as notas na integra:
Universidade Federal do Acre
A Universidade Federal do Acre (Ufac) vem a público expressar seu veemente repúdio aos ataques desrespeitosos do Comando Local de Greve Docente (CLGD-Adufac) e à notícia do site O Seringal, intitulada “Guida nas cordas: Comando de greve expõe escândalo sexual na Ufac após rejeitar acordo”.
Consideramos essa atitude uma grave tentativa de chantagem, que não apenas macula a imagem da instituição, mas também atenta contra os princípios fundamentais do ambiente acadêmico. O uso de informações sensíveis e a manipulação de fatos para pressionar e constranger indivíduos ou a administração da universidade são práticas inaceitáveis e antiéticas, que ferem a integridade e a confiança necessárias para o desenvolvimento de um espaço educacional saudável e respeitoso.
É importante ressaltar que o site O Seringal não procurou a assessoria de comunicação da Ufac para verificar os fatos, contribuindo assim para a disseminação de informações tendenciosas e descontextualizadas. Além disso, o uso do sofrimento de jovens estudantes como ferramenta de ataque é uma prática triste e desrespeitosa, especialmente quando utilizada com o intuito de agredir a gestão de uma mulher, mãe e professora.
Reiteramos que o debate e as negociações devem sempre ocorrer de forma transparente, ética e baseada no diálogo respeitoso, livre de intimidações e ameaças. A Ufac permanece comprometida com a construção de um ambiente acadêmico inclusivo, justo e pautado pelo respeito mútuo, onde todos possam exercer suas funções e direitos com dignidade.
Exigimos que a ADufac e o site O Seringal retratem-se imediatamente e cessem a disseminação de informações tendenciosas e desrespeitosas. Continuaremos a tomar todas as medidas legais cabíveis para proteger a integridade de nossa instituição e de todos que dela fazem parte.
Comando Local de Greve Doscente
O Comando Local de Greve Docente (CLGD – ADUFAC) teve conhecimento, com surpresa, na
noite de ontem, 02 de julho de 2024, de uma nota de repúdio da reitoria da Ufac em que solicita
retratação por parte desse Comando a respeito de “informações tendenciosas e
desrespeitosas” veiculadas pelo site O Seringal, em notícia intitulada “Guida nas cordas:
Comando de greve expõe escândalo sexual na Ufac após rejeitar acordo”.
O CLDG esclarece a toda comunidade acadêmica que não foi procurado para dar declarações
oficiais sobre o tema e, portanto, não é autor ou responsável por tal notícia.
Destacamos que o conteúdo da notícia não menciona nome de nenhum dos membros do
CLGD, apenas incorpora texto veiculado em nossa página do instagram e que em nada se
refere a expor escândalo sexual na Ufac.
Sobre esse tema, em dois meses de greve, temos tido, por princípios éticos, cuidados para não
expor as vítimas e não promover expiação pública dos denunciados, cujos direitos de legítima
defesa devem ser garantidos. Nosso compromisso enquanto representantes da categoria em
greve segue sendo a luta pela apuração célere de denúncias e pela instituição de
protocolo de recebimento e de acolhimento às vítimas no interior da universidade.
Ressaltamos ainda que, na manhã de ontem, por ocasião de nossa assembleia ordinária de
greve, outros veículos de imprensa televisiva nos procuraram para falar sobre tal notícia, que
foi prontamente desmentida por nós. As e os docentes presentes em assembleia de greve
podem comprovar que em nossa reunião nada do que se anunciou na notícia do site O
Seringal aconteceu. Registramos também, ainda no início da manhã de ontem, duas tentativas
de contato com os coordenadores do site para que retificassem o texto, deixando de imputar
responsabilidade ao CLGD pelo conteúdo noticiado.
Este comando se solidariza com a Reitora Guida Aquino e repudia qualquer discurso misógino
e falacioso, além de qualquer uso indevido de denúncias de assédio sexual como forma de
ganhar “cliques” e repercussão em meios midiáticos.
Reafirmamos nossa posição de seguir promovendo no espaço público as críticas às funções
atribuídas à gestão superior como condutas salutares da democracia e como dever de nosso
sindicato. Ataques pessoais, dos quais também temos sido vítimas, não contribuem com a
construção de uma universidade plural e socialmente referenciada.
Por fim, como forma de garantir acesso igualitário à comunidade universitária a esses
esclarecimentos, solicitamos que esta Nota de Esclarecimento seja veiculada no site da Ufac e
compartilhada nos mesmos grupos de mensagens em que a nota de repúdio da reitoria foi
enviada por membros da gestão superior.