Há mais de um ano, a unidade de saúde do bairro Cabreúva, em Rio Branco, permanece fechada, deixando milhares de moradores sem acesso a atendimento médico básico. A unidade, que atende famílias de seis bairros da região, está inoperante desde fevereiro de 2024, segundo relatos de moradores.
A justificativa dada pela Secretaria Municipal de Saúde é a falta de instalação de aparelhos de ar-condicionado, o que condiciona a reabertura à solução do problema. No entanto, a demora já ultrapassa 12 meses, o que gerou indignação na comunidade. Osmildo Paiva, morador do Cabreúva, desabafa e explica que a muito tempo o problema não é resolvido.
“Faz tempo que está parada, e a comunidade precisa. Já estamos na terceira vez que a gente faz matéria aqui, e o problema não é resolvido. Ninguém dá satisfação, e o caso vai caindo no esquecimento”, esclarece.
A situação, no entanto, não se restringe ao Cabreúva. Pelo menos seis Unidades de Referência de Atenção Primária (Uraps) estão fechadas em diferentes bairros da cidade, o que deixou milhares de pessoas sem acesso a serviços essenciais de saúde.
Uma das unidades mais críticas é a Urap Maria Barroso, localizada na estrada principal do bairro Sobral. Considerada a maior referência de atendimento na região mais populosa de Rio Branco, a unidade foi amplamente utilizada durante a pandemia de Covid-19 devido à estrutura.
No entanto, após a decisão da Prefeitura de ampliar o prédio, a unidade foi fechada e deixou os pacientes sem atendimento há vários meses. Até o momento, não há previsão de reabertura. Manoel Moreira, outro morador do Cabreúva, reforça a necessidade de ação das autoridades
“É preciso que o nosso prefeito veja e entenda a necessidade daqui. Este bairro abrange muita gente, e a falta de atendimento afeta diretamente a qualidade de vida da população”, defende.
A situação se agrava para os moradores que dependem dessas unidades. Quando uma pessoa da região do Cabreúva precisa de atendimento médico e encontra o portão fechado, é obrigada a caminhar cerca de 4 quilômetros até a unidade mais próxima. Para quem carrega crianças no colo ou enfrenta problemas de saúde mais graves, a caminhada é inviável, o que pode levar ao agravamento do estado de saúde.
Além das unidades do Cabreúva e Maria Barroso, outras Uraps nos bairros Laila Alcântara, Morada Nova e Rui Lino também estão fechadas. Todas passaram por reformas, mas, segundo a Secretaria de Saúde, não foram reabertas devido à falta de instalação de ar-condicionado. Apesar das reclamações e da mobilização da comunidade, a Prefeitura não tem fornecido esclarecimentos sobre prazos ou soluções para o problema.
Procurado para comentar a situação, o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, não respondeu aos questionamentos da reportagem. O silêncio das autoridades contrasta com a urgência da demanda da população, que segue sem acesso a um direito básico garantido pela Constituição: o direito à saúde.
Enquanto isso, os moradores continuam aguardando uma solução que parece distante, enquanto condições de saúde se deterioram pela falta de atendimento adequado. A reabertura das unidades de saúde é, mais do que uma necessidade, uma obrigação do poder público para com a população de Rio Branco.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Adailson Oliveira para a TV Gazeta