Desde 2015, o sistema de bandeiras tarifárias no Brasil tem impactado o valor da conta de energia de milhões de brasileiros. Criado pelo Governo Federal e implementado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o objetivo do sistema é regular os custos de produção de eletricidade e evitar o risco de falta de energia no país, especialmente durante períodos de escassez hídrica.
O Funcionamento das Bandeiras Tarifárias
O sistema de bandeiras tarifárias é baseado em um esquema de cores que indicam o custo de geração de energia a cada mês, determinado pela ANEEL conforme as condições climáticas e a capacidade das usinas de geração elétrica.
As bandeiras são classificadas da seguinte forma:
– Bandeira Verde: Condições favoráveis de geração. Não há acréscimo no valor da tarifa.
– Bandeira Amarela: Condições de geração menos favoráveis. Acréscimo de R$ 1,885 para cada 100 kWh consumidos.
– Bandeira Vermelha – Patamar 1: Condições de geração mais custosas. Acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 kWh consumidos.
– Bandeira Vermelha – Patamar 2: Condições extremamente desfavoráveis. Acréscimo de R$ 7,877 para cada 100 kWh consumidos.
Recentes Mudanças nas Bandeiras Tarifárias
Em setembro, a bandeira tarifária aplicável era a vermelha Patamar 1. Com a diminuição das chuvas em outubro, a ANEEL determinou que o patamar passasse para o vermelho 2, refletindo as dificuldades na geração de energia elétrica e a dependência de usinas termelétricas, que têm um custo de operação mais alto.
No entanto, para novembro, a ANEEL anunciou que aplicará a bandeira amarela, em virtude de uma leve melhora nas condições de geração de energia, o que representa um alívio para os consumidores, com uma pequena redução na conta de luz.
Apesar dessa mudança positiva, a recomendação é que os consumidores mantenham hábitos conscientes de consumo, uma vez que, caso as chuvas não sejam suficientes, o país poderá retornar às bandeiras vermelhas, com consequente aumento no valor da tarifa.
Debate sobre ICMS na Conta de Energia
Ivante Carvalho, presidente do Conselho do Consumidor de Energia do Acre, destaca que, embora compreenda a importância das bandeiras tarifárias, acredita que a cobrança de ICMS sobre essas taxas agrava ainda mais o valor final pago pelo consumidor.
Recentemente, no encontro do grupo Energiza, ele propôs uma ação junto a parlamentares da região Norte, envolvendo estados como Rondônia e Tocantins, para que seja criado um projeto que elimine a cobrança de ICMS sobre as bandeiras tarifárias. Ele cita o exemplo da “Conta Covid”, onde houve isenção de encargos, como uma possível solução para aliviar o bolso do consumidor. “Há muitos encargos que pagamos, e muitas vezes o cidadão nem sabe o que está pagando. Mesmo economizando, a conta não baixa”, argumentou Carvalho.
Perspectivas para 2024-2025
A previsão meteorológica aponta que, entre 2024 e 2025, o volume de chuvas poderá ser suficiente para melhorar a geração das hidrelétricas, o que pode contribuir para uma estabilização das tarifas. Contudo, caso as térmicas continuem em operação devido à baixa nas chuvas, os custos de energia permanecerão elevados.
A discussão sobre a cobrança de ICMS nas bandeiras tarifárias e as estratégias para reduzir o custo da conta de luz são pautas importantes, que impactam diretamente o orçamento das famílias e a economia regional.
Matéria produzida pela repórter Débora Ribeiro para a TV Gazeta.