Outras quatro versões serão publicadas
Nesta quarta-feira (29), durante o XXIII Seminário de Iniciação Científica realizado no Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre, a professora da Universidade Federal da Bahia, Doutora em Letras, Silvana Ribeiro apresentou o Atlas Linguístico do Brasil (ALiB).
Estudo inédito iniciado em 1996, resultou em uma radiografia completa do Português falado no Brasil. O livro foi produzido pela Editora da UEL (EDUEL), por meio da parceria com 15 universidades brasileiras.
Ao todo foram realizadas 1.100 entrevistas com brasileiros de 250 cidades, em todos os estados. O 1º volume (210 páginas) reúne a introdução completa acerca dos usos e estrutura do Atlas. O 2º (368 páginas) traz as cartas linguísticas.
Ao todo são 159 cartas que contemplam os níveis fonética-fonológico, semântico-lexical e morfossintático da língua portuguesa. O lançamento foi durante confraternização entre autores, estudantes e pesquisadores, no III Congresso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística, realizado em Londrina.
Segundo a professora Silvana, o atlas tem como objetivo ser um instrumento que possa auxiliar no ensino da língua portuguesa. “Quando você estuda variação, se sabe que todas as línguas variam, é normal. Mas há sempre aquela ideia que há um certo e um errado, e é isso, que a linguística mostra que não é verdade”, afirmou Silvana.
Outro papel importante da pesquisa é o de difundir e mostrar que as diferenças de linguagens entre regiões não significam que um esteja certo e o outro errado, diminuindo assim o preconceito e até mesmo o estranhamento quando do contato com uma palavra que seja desconhecida ao ouvinte.
“A exemplo da variação dos termos ‘mesmo’, ‘mexmo’, ‘mesmo’ e até poderíamos ter um caso com o ‘mermo’. As variações lexicais também, como por exemplo tangerina, que há lugares em que é conhecida como laranja cravo, pocã, mexerica. Deve-se tirar aquela ideia do preconceito linguístico de que alguém fala errado. E um trabalho como este favorece esta desmistificação de que um fala correto, o outro errado. Na verdade, todos nós falamos a nossa língua”, explicou.
A pesquisa
A ideia de um atlas linguístico nacional na verdade surgiu em 1952, por um decreto do presidente Getúlio Vargas, que atribuiu à Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, a tarefa da criação de um atlas nos moldes dos existentes na França de 1902 e de Portugal (1932).
Devido as dificuldades enfrentadas na época para realizar o mapeamento nacional, o projeto foi regionalizado. Dessa forma, surgiu na Bahia, em 1963, o primeiro registro linguístico brasileiro, o Atlas Prévio dos Falares Baianos. Em seguida foi dado início às pesquisas em Sergipe, Minas Gerais, Paraíba e Paraná. Até que o projeto se expandisse por todo o Brasil em 1996.
Segundo Silvana, serão lançados ainda mais três volumes do Atlas: o 3º que será uma análise das cartas do 2º volume; o 4º volume com novos resultados nas capitais e o 5º com dados das Capitais e também do interior.
Por enquanto, os dois primeiros volumes só estão disponíveis em livrarias, mas a professora esclarece que existe a possibilidade de que um acordo com a Editora da Universidade Estadual de Londrina para que possa disponibilizar o conteúdo do atlas na internet.