João: portador da doença desde os 5 anos conta o que sofreu
No encerramento do semestre legislativo, os deputados aprovaram por unanimidade projeto que garante pensão a hansenianos que ficaram em confinamento domiciliar. O projeto é da deputada Maria Antônia e será enviado para o governo federal que deve tomar as devidas providencias.
De 1920 até meados da década de 1970, milhares de pessoas foram separadas das famílias por causa da hanseníase. Muitas vezes por força policial. A maioria dos doentes foi internada nos hospitais e colônias. Muitos perderam o contato com suas famílias. Mas, um número expressivo, ficou confinado nos seringais, em prisão domiciliar.
O senhor João Pereira do Nascimento, foi um deles. Portador de hanseníase desde os 5 anos de idade, aos 9, foi preso num barraco distante 500 metros dos pais. João ficou preso até os 18 anos, quando foi levado para fazer tratamento.
Ele relembra a infância sofrida. “Eu chorava muito. Pra mim (sic) tomar banho, eu tomava banho na beira do rio, eu saia dez horas da noite pra tomar banho escondido, porque o pessoal não deixava eu tomar banho. Ficavam jogando pedra em mim, diziam -sai daí leproso, tá (sic) contaminando a água que nós bebe (sic), que nós toma (sic) banho.”
Ele foi a Aleac acompanhar a votação do projeto que garante a concessão de um certificado da Secretaria de Direitos Humanos aos cerca de 400, que como seu João, ficaram em prisão domiciliar por exigência de lei para que não contaminassem os outros membros da família.
A partir dessa certificação, eles poderão pleitear a pensão especial, criada por Tião Viana enquanto ele ainda era senador, que beneficiou os hansenianos de todo o país.
Sem o certificado, o governo federal não os reconhece como beneficiários. “Todos os deputados, por unanimidade, aprovaram esse projeto e agora segue para o governador fazer esse reconhecimento também, pra que gente possa levar pra Brasilia e lá também a gente começar essa luta pra que o governo federal faça esse reconhecimento e essas pessoas tenham esse beneficio garantido.” Disse deputada Maria Antônia.