O governo do estado publicou um levantamento que aponta o Acre como um dos dez estados com o maior percentual de mulheres em cargos de liderança. A pesquisa foi realizada pelos institutos Aléias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, com dados coletados entre dezembro de 2023 e março de 2024. No ranking, o Acre figura em nono lugar, com 27% de mulheres nos setores de chefia do executivo. Quando se trata de região norte, o Acre fica atrás somente do Amapá, que tem 41% de gestoras.
“Eu fico muito feliz que a gente esteja avançando, que no Estado a gente tenha mais mulheres em espaços de lideranças, em espaços políticos importantes. Primeiro, para que haja essa mudança, para a gente combater essa desigualdade, porque nós estamos numa sociedade, no Estado Democrático de Direito, onde diz que homens e mulheres são iguais, e isso diminui, sim, na medida em que a gente alcança igualdade, a gente vai diminuindo a violência, o sexismo, a misoginia, mas a gente precisa olhar também para além disso. Quando essas mulheres chegam nesses espaços, muitas vezes elas continuam sofrendo violências.”, afirma a procuradora de justiça, Patrícia Rêgo.
Segundo ela, apesar da pesquisa, o Estado ainda tem muito a avançar em questões de gênero e equidade, tendo em vista que mais da metade da população é composta por mulheres. “A equidade de gênero faz parte da garantia que nos é dada pela Constituição. O princípio é garantir que, independentemente do gênero, todas as pessoas devem ter as mesmas oportunidades. Num estado em que 50% dos habitantes é composto por mulheres, nada mais justo que elas também ocupem cargos de chefia em todos os poderes.”, afirma
Para Raimunda Bezerra, presidente do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular, apesar de a pesquisa revelar um percentual razoável, segundo ela, quase sempre essas secretarias não têm autonomia e recebem poucos recursos para trabalhar.
“Normalmente, as mulheres estão todas na secretaria do público que precisa mesmo de atendimento, mas não tem as secretarias de grande recurso, essas nunca estão na mão das mulheres. Mesmo a secretaria de educação, por exemplo, que é a maior categoria feminina que tem. Normalmente, os secretários de educação são só homens. Dificilmente, eu nem me lembro quem foi a última secretária de educação que eu conheci.”, enfatiza.
Quanto ao primeiro escalão do município de Rio Branco, temos muito o que melhorar. A nova composição do secretariado da nova gestão de Tião Bocalom é composta por apenas duas mulheres entre 15 secretarias, sendo uma delas apenas adjunta. No Ministério Público do Estado não é diferente. Segundo o Conselho Nacional do Ministério Público, a unidade do Acre é a que apresenta maior desigualdade de gênero, composto por 72,73% de homens e apenas 27,27% por mulheres.
“Há uma desigualdade flagrante, os homens realmente ocupam mais espaços de poder. Hoje, por exemplo, nós temos um colegiado de procuradores gerais de justiça, que são as chefias do Ministério Público, e num colegiado de 30 e poucos líderes, nós temos apenas duas chefias, que são mulheres. Isso demonstra o tamanho dessa desigualdade. No último concurso, por exemplo, os que tomaram posse, a gente teve apenas duas mulheres que tomaram posse.”, finaliza a procuradora.
Matéria produzida pela repórter Wanessa Souza para a TV Gazeta.