Famílias serão contempladas com aluguel social
A Justiça, provocada por um pedido do Governo do Estado, determinou a desocupação do hall da Assembleia Legislativa onde estavam abrigadas há 90 dias famílias de sem teto. O cumprimento do mandado judicial foi dramático. Sem ter para onde ir, as mulheres desabrigadas resolveram ocupar a praça do Palácio Rio Branco, que fica do outro lado da rua.
O final da tarde foi angustiante para as famílias desabrigadas. Cada uma com uma história diferente, mas que há 90 dias conviviam com o mesmo drama: a incerteza sobre a moradia.
“Nós não temos pra onde ir. Eu queria um aluguel social. Qualquer coisa para viver com minha família”, disse Elisangela Santos. “Pra casa de parente eu não vou. Sozinha me arriscaria ir, mas com crianças não dá”, afirma Rafisa Barros.
No entorno da casa do povo, policiais militares e freteiros aguardavam a chegada dos oficiais de justiça que dariam cumprimento a ordem de desocupação.
O pedido para retirar as famílias carentes da Aleac partiu da Procuradoria Geral do Estado. Foi feito no dia 18 agosto e nesta segunda-feira o juízo da Segunda Vara da Fazenda Pública autorizou o cumprimento do mandado de manutenção e reintegração.
A assessoria de comunicação da Aleac afirma que o Poder Legislativo não participou da iniciativa de pedir à Justiça para retirar as famílias daqui. Segundo a assessoria da Aleac, há poucos dias a PGE pediu informações sobre as famílias e que esses dados foram repassados e o diálogo não teria passado disso.
Em contrapartida, a Aleac disponibilizou um galpão com segurança para abrigar os objetos e pertences dos sem teto. Por volta das 5 da tarde, os Oficiais de Justiça chegaram e com eles uma só notícia: todos teriam que sair do local.
Advogados que auxiliam juridicamente as seis famílias de sem teto acompanharam toda ação de reintegração. Eles se surpreenderam ao saber que estavam ali os oficiais, a polícia, assistentes sociais, mas ninguém sabia responder para onde as mulheres com seus filhos seriam levadas.
A assistente social que foi encarregada de acompanhar a ação ficou acuada. A partir do momento em que os móveis e objetos pessoais começaram a ser embarcados nas caminhonetes, o drama se acentuou.
Crianças e mulheres choravam e as pessoas começavam a andar sem direção. Uma das desabrigadas teve um ataque de nervos e gritava quando ouviu que o motorista não levaria a família para debaixo da ponte, o lugar escolhido pela família.
Pessoas gritavam por representantes dos Direitos Humanos, outras para que psicólogos acompanhassem a situação. Uma das desabrigadas, grávida de dois meses caiu em prantos e passou mal. Teve que ser amparada, até a chegada de socorro médico.
Sem saber o que fazer diante da crise, os oficiais ligavam para a magistrada que autorizou a desocupação. Enquanto isso, uma nova alternativa apareceu: levar os móveis e as barracas para a praça, do outro lado da rua.