Um vendaval atingiu a região central da cidade, causando o desmoronamento de um prédio antigo nas proximidades do Calçadão da Gameleira, no último domingo (13). A estrutura, que estava abandonada há anos, destruiu uma residência ao lado. Felizmente, ninguém estava no local no momento do desabamento.
Joseine de Oliveira, moradora da casa destruída junto com sua mãe, de 86 anos, relatou o impacto emocional ao ver sua casa completamente devastada. “Quando chegamos e vimos que não havia mais casa, foi um choque. Mas, graças a Deus, estávamos fora e o mais importante é que estamos bem”, disse Joseine, que havia decidido de última hora sair para almoçar fora com a mãe no momento do vendaval.
Os bombeiros que atenderam a ocorrência foram categóricos ao afirmar que, se as moradoras estivessem em casa, o resultado teria sido fatal. “O bombeiro olhou para nós e disse que, se estivéssemos lá, não estariam tirando escombros, mas sim corpos”, contou Joseine.
O incidente trouxe à tona a questão da segurança dos edifícios antigos da cidade, muitos deles sem manutenção e em estado avançado de degradação. O guia de turismo Tássio Fúria comentou sobre o impacto negativo que essas estruturas abandonadas causam ao turismo local. “Do ponto de vista turístico, é uma decepção. Não menciono o local aos turistas para evitar frustração. Além de esteticamente desagradável, também é perigoso”, afirmou.
Responsabilidades sobre a manutenção desses prédios geram debate. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Stenio Mello, esclareceu que o órgão não tem responsabilidade sobre essas edificações, exceto por aquelas já tombadas. “O IPHAN cuida apenas dos patrimônios tombados. A responsabilidade pelo Centro Histórico de Rio Branco é da FEM (Fundação de Cultura Elias Mansour)”, explicou.
A Secretaria de Estado de Obras Públicas, em nota, afirmou que não existe nenhum projeto de revitalização para os prédios no entorno do Calçadão da Gamileira, com exceção de algumas edificações de interesse público, como a Galeria de Arte Juvenal Antunes e o Cineteatro Recreio. A maioria dos prédios continua sob propriedade privada, o que limita a ação do Estado.
Para a arquiteta e urbanista Mariane Linhares, a solução está em um projeto de revitalização, conhecido como retrofit, que modernizaria essas construções antigas, tornando-as seguras e funcionais. “O retrofit é a técnica que investe na revitalização dessas edificações, dando novos usos e integrando-as à cidade, tanto durante o dia quanto à noite”, sugeriu a arquiteta.
Enquanto nenhuma medida efetiva é tomada, moradores de áreas próximas a esses prédios seguem convivendo com o risco iminente de novos desmoronamentos.
Com informações de Marilson Maia para TV Gazeta