Locomover-se pelo campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) já é uma tarefa mais fácil para os 150 acadêmicos com deficiência que circulam diariamente pelas dependências da instituição. Atenta às necessidades de correções arquitetônicas voltadas à acessibilidade, a universidade realiza uma série adequações a antigos e novos espaços coletivos. As mudanças atendem a um dos valores presentes no mapa estratégico que norteará as ações da instituição pelos próximos dez anos — o de respeito ao ser humano com base em relações de cooperação.
As passarelas de ligação interna, por exemplo, antes recobertas por piso sextavado de concreto (bloquetes) foram todas recuperadas. Contemplando uma extensão de 1200 metros, elas ganharam placas de cerâmica e piso podotátil direcional e de alerta. Um investimento orçado em R$ 700 mil. As obras, já finalizadas, aumentam as condições de segurança e orientação de pessoas com deficiência visual, baixa visão e cadeirantes.
As calçadas do anel viário e de acesso aos prédios da biblioteca, anfiteatro Garibaldi Brasil e Teatro Universitário também foram adaptadas. Alguns postes que impediam a passagem de pessoas em cadeiras de rodas foram realocados e o espaço também teve suas medidas alteradas, agora, a largura padrão equivale a 2,2 metros.
Nos estacionamentos, a nova sinalização imposta também inclui vagas reservadas para pessoas com deficiência. Todo o setor administrativo, incluindo o prédio da reitoria e das pró-reitorias, recebeu identificação nova com equivalente em braille.
“Encontramos pisos completamente desnivelados, rampas com aclives totalmente fora do padrão e iniciamos as mudanças. Não mediremos esforços para a construção de uma universidade efetivamente inclusiva”, diz o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid.
Laboratório de Tecnologia Assistida
Um dos principais investimentos da instituição voltada à política inclusiva é a construção do Laboratório de Tecnologia Assistida, cujo projeto previsto no planejamento estratégico da Ufac, já se encontra aprovado. Orçado em R$ 1 milhão, o espaço deve atender não só os acadêmicos com deficiência matriculados, mas a comunidade em geral.
O laboratório será vinculado ao Núcleo de Apoio à Inclusão da Ufac (NAI) que, hoje, conta servidores de cargos específicos como intérpretes (5 em Rio Branco e duas vagas em Cruzeiro do Sul) e revisores de braille (2 no campus sede e 1 no campus Floresta).
“Nossa expectativa é de que a partir do Laboratório de Tecnologia Assistida nós consigamos inserir a Ufac na rede de pesquisa e tecnologia inclusiva que liga outras instituições federais. A partir daí, estaremos atendendo graduação, pós-graduação e extensão, ou seja, as três funções da universidade”, reflete Hisaac Alves de Oliveira, presidente da Comissão de Acessibilidade da Ufac.
A ideia é que o novo laboratório funcione não só como um espaço que supra a necessidade de acesso equiparado de universitários com deficiência a esses locais de pesquisa, como também funcione como um lugar de criação de novas tecnologias voltadas às necessidades próprias.
Residência estudantil, Teatro e Restaurante universitários com maior acessibilidade
Entre as obras que integram as ações de adequação e melhoria estrutural da universidade e de implementação da acessibilidade, encontram-se o novo Teatro Universitário, a Residência Estudantil e o Restaurante Universitário (RU).
No teatro, assim como no novo RU, as adaptações incluem instalação de elevador, rampas e banheiros com dimensões e barras apropriadas para pessoas com deficiência. No prédio da residência estudantil, onde estão sendo preparados 40 apartamentos, oito são reservados para universitários com deficiência.
Para Hisaac Alves de Oliveira, a acessibilidade ao ensino superior ultrapassa a reserva de vagas. “Não adianta ter uma cota que garanta a vaga à pessoa com deficiência se, ao entrar na universidade, ela não tiver condições de acessar os prédios necessários. Estamos dando um importante passo no sentido de garantir o acesso igualitário a todos os acadêmicos”, destaca.