Nesta quarta-feira, 05, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Acre solicitou que sejam decretadas medidas protetivas contra o delegado José Luis Tonini, após a namorada registrar boletim de ocorrência em que afirma estar sendo injuriada e ameaçada por Tonini.
Com as medidas, o investigado está proibido de ultrapassar a distância de 100 metros da vítima; manter contato por qualquer meio de comunicação; e comparecer na delegacia de Polícia Civil dos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, uma vez que Tonini não realiza mais atividades nos municípios.
Nesta terça-feira, 04, a noticiante foi até a delegacia de Epitaciolândia, onde ela trabalha como agente policial, registrar um boletim de ocorrência e disse que tenta finalizar o relacionamento com o delegado, mas encontra resistência da parte dele.
Informou também que nesta segunda-feira, 03, mesmo não sendo mais responsável pela delegacia de Epitaciolândia, ele esteve na unidade, enquanto a vítima trabalhava, e, na tentativa de intimidá-la, acessou seu computador e a constrangeu, sendo necessário ela acionar Corregedoria-Geral da Polícia Civil, que foi ao local e conseguiu retirá-lo de lá.
Carnavale
No último final de semana aconteceu o ‘Carnavale’, um carnaval fora de época realizado em Brasiléia. Segundo a namorada de Tonini, no domingo, dia 02, ela saiu em companhia do delegado para o evento e na volta para Epitaciolândia, dentro do carro dela, começaram uma discussão causada por ciúmes de ambos.
Ela contou que foi chamada de diversos xingamentos, como “puta” e “prostituta”. O delegado insistiu para ela levá-lo até a casa dele, após chegarem ao local, o homem havia se recusado a sair do veículo, por volta das 23h.
Ainda com informações dela, ele teria ficado no carro até às 02h do dia seguinte e que, nesse meio tempo, ele a beijou à força duas vezes. Só saiu do automóvel quando a denunciante começou a gritar e ele, com medo de exposição, se retirou.
Depois disso, ela teria ido para um hotel com receio dele ir até a casa dela. Tempo depois, Tonini começou a ligar e mandar mensagem, falando que estava em frente a casa dela, pois as chaves da sua casa ficaram dentro de seu carro. A vítima teria dito que não estava em casa e foi até sua casa para lhe entregar as chaves.
Nisso, o delegado, por volta das 03h30min da madrugada, entrou novamente no carro e seguiram para a casa dele, que fica ao lado da delegacia. Já em frente ao lugar, o homem teria batido forte no painel do carro e ela tentou filmar a ação, quando ele pegou o aparelho da mão dela.
Caso seja provado, o delegado pode responder por crimes de ameaça, injúria, violação de domicílio e causar dano emocional.
Resposta de Tonini
Procurado pelo site Agazeta.net, o delegado de Polícia Civil, Luis Tonini, disse em entrevista que esse problema, na verdade, não é com a namorada, mas sim com a Direção-Geral da Polícia Civil, pois está sendo perseguido pela direção-geral da Polícia Civil há algum tempo.
“É uma perseguição e estão usando ela, talvez até coagindo-a, diante do que ela foi flagrada fazendo”, afirmou o delegado.
Continuou falando que não vai divulgar fatos pessoais e que respeita muito a ex-namorada, como toda e qualquer mulher.
“Jamais vou dar visibilidade e nem quero qualquer situação de retaliação para a pessoa dela”, reiterou.
Sobre os documentos vazados à imprensa, o delegado afirma que o diretor-geral da Polícia Civil, José Henrique Maciel, cometeu crimes ao divulgar a papelada que era para ser mantida em segredo de justiça.
“É um documento sigiloso e só quem tinha acesso era o corregedor de Polícia Civil, então incorre também na prática do crime. Ele está na corda bamba e isso só demonstra o medo dele de perder o cargo, por isso ele está cometendo crimes e me prejudicando”, disse Luis Tonini.
Finalizou ao afirmar que o diretor-geral é um autoritário e está adoecendo a Polícia Civil.
Nota Pública
Na manhã desta quinta-feira, 06, a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Acre (Adepol/AC) publicou uma nota pública sobre o caso.
Confira a nota completa na íntegra:
No dia 06 de julho de 2023, peças de um procedimento sigiloso instaurado na Polícia Civil do Acre em desfavor do Delegado de Polícia José Luís Tonini, com acesso restrito no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, foram compartilhadas com um órgão de imprensa.
Como entidade representativa dos Delegados de Polícia, profissional que é o primeiro garantidor de direitos, a ADEPOL defende a apuração isenta, imparcial e rigorosa de toda e qualquer ação que vá de encontro ao ordenamento jurídico. Lado outro, não se pode olvidar que no Estado Democrático de Direito, dando concretude aos princípios da dignidade da pessoa humana, do devido processo legal e, principalmente, da presunção de inocência, procedimentos investigatórios são por natureza dotados de sigilo.
A difusão dos documentos referendados, ocorrida no dia 06 do mês corrente, caracteriza excesso do Estado investigação, violando, assim, uma das principais características de todo e qualquer procedimento investigatório, o que acarreta graves danos à intimidade e ao estado de inocência do associado.
Nesse diapasão, a ADEPOL repudia a divulgação do procedimento sigiloso, cuja finalidade foi a de macular a honra e a intimidade daquela mesma autoridade policial que no dia 30 de junho de 2023 já houvera sido removida compulsoriamente pela Direção Geral da Polícia Civil. Sendo importante destacar que na portaria de remoção aludida, informações sigilosas foram publicadas para justificar” o ato. Como se observa, em menos de uma semana houve sucessivas divulgações de dados sigilosos de uma mesma autoridade policial. É cristalina a perseguição ao Delegado de Polícia José Luis Tonini.
Por fim, dada a gravidade da conduta perpetrada, informamos que foram tomadas todas as providências necessárias à apuração da possível prática do crime de violação de sigilo profissional, descrito no art. 325, do Código Penal, por meio de órgão autônomo e independente.
Rio Branco, 06 de julho de 2023