O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ja opera há quase 20 anos no Acre. Durante esse período, os profissionais sempre enfrentaram dois grandes problemas, os trotes e as informações incorretas.
De 1 de julho a 1 de agosto, o Samu recebeu mais de 6 mil ligações, dentre elas trotes que são caracterizados como crime, de acordo com o artigo 266 do Código Penal Brasileiro, prática que pode levar uma pessoa a detenção de 1 a 6 meses e também ser multada.
O médico do Samu Manoel Neto, relata que o pior dos casos é quando a ocorrência tem base em trote, pois gera um transtorno de informação tanto para a equipe quanto para outros pacientes que necessitam de atendimento. “O pior dos cenários é a ambulância ser disparada para uma ocorrência que é trote. Então, nós perdemos tempo e a qualidade de serviço, pois pode demorar para o atendimento de outra pessoa”, diz.
As informações incorretas ou incompletas, acontecem quando a pessoa que ligou para o número 192 não informou o necessário para os profissionais da regulação. Esse tipo de comunicação falha acaba impedindo que o recurso correto, sendo uma ambulância de suporte básico, avançado ou uma motolância, seja empenhado da forma certa em cada ocorrência.
Além disso, outro fato registrado com frequência pela unidade de atendimento do Samu, é a pessoa solicitar uma ambulância e ao fim da ligação conduzir a vítima por meios próprios a uma unidade hospitalar.
“O correto é esperar a ambulância para prestar o primeiro apoio a pessoa que precisa, porque não basta ligar, a pessoa tem que ter o quadro acompanhado, para saber se vai evoluir ou piorar. As pessoas não devem ligar e ir por conta própria. As vezes, até o paciente que está sendo referido naquela ocorrência, não quer atendimento e a pessoa liga aqui no SAMU para uma tentativa de ajudar e acaba gerando uma ocorrência falsa”, comentou o médico André Viana.
Somente no dia 30 de julho a Regulação Médica do SAMU atendeu 482 ligações. Esse número dividido pela quantidade de horas de um dia totaliza cerca de 20 ligações por hora. Mesmo que todas essas ocorrências fosse necessário empenhar uma viatura não seria possível, pois em Rio Branco existem apenas sete ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em operação.
O risco de acidentes de trânsito, se torna um perigo ainda maior quando a equipe se desloca da base, para um determinado endereço, e ao chegar no local, descobre que era trote.
o condutor de ambulância Júnior Souza, ressalta os perigos de conduzir uma ambulância no trânsito da capital: “O intuito da equipe é salvar vidas, então precisamos executar uma velocidade acima do permitido para a via, com segurança. Porém, o trânsito é de intensidade suprema, e nesse translado da viatura pode ocorrer de um outro condutor por uma desatenção, não verificar que a viatura está em percurso e ocorrer um acidente na via”, comenta.
O médico do Samu Neto, faz um apelo para a população para que não executem o crime do trote, pois atrapalha a alta demanda de ocorrências que o serviço tem que suprir com agilidade. “A gente pede para a população que não dissemine esse tipo de informação de trote, temos uma alta demanda de ocorrências, tentamos fazer o nosso trabalho com a maior qualidade possível e o menor tempo possível para atender os pacientes, então faço esse pedido, para que não aconteça que a pessoa que precise ser salva pelo Samu não consiga”, finaliza.
Com informações do repórter Luan Rodrigo para a TV Gazeta