Padaria é usada como instrumento de terapia
Na manhã desta sexta-feira (22), a Comunidade Terapêutica Reconstruindo Vidas promoveu encontro entre familiares, internos e parceiros do projeto. O evento teve objetivo de comemorar a conclusão de cursos profissionalizantes de 17 pessoas que se recuperam da dependência química.
O Senai, parceiro da Comunidade Terapêutica, esteve presente por várias semanas, ministrando cursos de pedreiro em alvenaria, pintor de obras e revestimento de azulejos.
Durante o ato, também foi inaugurada a panificadora. A edificação do espaço contou com as mãos dos próprios alunos. “Nós auxiliamos com a parte técnica, para construção, revestimento, pintura da padaria. Em breve retornaremos para fazer a qualificação de panificação”, disse a coordenadora educacional do Senai, Rosana Espíndola.
Os maquinários da panificadora ainda não chegaram e o coordenador da Comunidade, José Ribeiro espera que em breve, as doações aconteçam. A meta é produzir alimentos para o espaço e que gerem renda. “Vamos fazer pão para nós e também vamos revender para a comunidade, será uma forma de ter renda que custeie nossa comunidade”, disse.
O próximo curso ofertado pelo Senai aos internos será o de eletricista e o objetivo é que os alunos saiam com uma bagagem que ajude na própria subsistência.
Acelino Menezes chegou há 4 meses na comunidade e afirma que o que já conquistou no processo de recuperação terapêutica foi suficiente para “renovar as forças”. O certificado de pedreiro vai ampliar as oportunidades, já que ele atuava na área e agora agregou mais conhecimento.
“O pedreiro nunca sabe de tudo e com alguns professores tivemos ajuda pra abranger mais a área da construção civil”, afirmou o interno.
Na chácara de 3 hectares, localizada na Estrada Irineu Serra, cedida para as atividades de recuperação de dependentes químicos, existem poucos alojamentos e algumas salas improvisadas. Contudo, parcerias com o poder público e o Judiciário têm ajudado a ampliar as ações da comunidade, que hoje atende 21 pessoas.
Durante o ato, o coordenador do local, se emocionou ao agradecer a juíza Maha Kouzi Manasfi, que apoiou a construção da panificadora, através de um projeto da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas.
“Há 17 anos, eu vivia no crime, nas drogas, jogado. Mas, um dia me estenderam a mão. Eu sou muito grato por essa oportunidade que a Dra. Maha me deu. Ela me incentivou, fiz o curso pelo Tribunal e ali foi o pontapé inicial”, disse.
A juíza agradeceu a homenagem e deixou uma mensagem de otimismo para quem ainda está em tratamento. “Ele me disse que queria fazer o curso para trabalhar com recuperação de pessoas. Eu disse, mas esse curso é pra quem tem casa de recuperação, já está no meio, mas se é o seu sonho, vamos lá. Ele fez o curso, e é um vencedor. Todos temos que ter sonho para poder buscar e fé, por que se não na primeira dificuldade, cai”, disse a magistrada.