O fluxo de venezuelanos no abrigo de Rio Branco tem aumentado significativamente. A crise política na Venezuela intensificou a migração de famílias para outros países, com o Acre se tornando uma das rotas principais para entrada no Brasil. Atualmente, a média de imigrantes que chegam ao abrigo é de 15 por dia, em comparação com os 8 a 10 que chegavam anteriormente.
A prefeitura de Rio Branco aguarda apoio do governo federal para continuar atendendo os imigrantes e refugiados. No início do ano, foram recebidos R$720 mil destinados aos primeiros seis meses de 2024. No entanto, esses recursos foram utilizados, e a Secretaria de Assistência Social do município solicita mais R$1 milhão para manter o abrigo até o final do ano, cobrindo despesas com aluguel, alimentos, água e medicamentos.
“Esse recurso é destinado a atender cerca de 50 pessoas diariamente. Chegou no início do ano, por volta de março, mas não é suficiente para cobrir todas as nossas despesas. No entanto, ajuda de certa forma”, afirma o Secretário de Assistência Social de Rio Branco, Wellington Chaves de Souza.
O Brasil está na lista para receber um repasse emergencial do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, totalizando R$960 mil para atender 400 imigrantes ou refugiados. Esse valor será gerido pela prefeitura nos próximos seis meses. Além de Rio Branco, os municípios de Brasileia e Epitaciolândia também ficaram fora desse repasse. Com o aumento de até 20% na migração, os municípios que servem como pontos de passagem estão enfrentando dificuldades adicionais.
Além disso, a prefeitura de Rio Branco enfrenta um novo desafio: a possibilidade de que criminosos estejam se aproveitando da situação e entrando no país com os imigrantes. A falta de fiscalização na fronteira permite que todos que chegam encontrem portas abertas. Na próxima semana, a Secretaria de Assistência Social se reunirá com a Polícia Federal para abordar questões de segurança no abrigo. Recentemente, um venezuelano foi flagrado portando maconha dentro do abrigo. Embora a Secretaria tenha evitado a prisão do indivíduo para não causar tumulto, um boletim de ocorrência foi registrado e o imigrante foi expulso do local.
“Nós temos um regimento interno na casa, e quando um imigrante não cumpre essas regras e ocorre qualquer incidente, precisamos fazer o desligamento. Não queremos remover nenhum imigrante, mas, infelizmente, em algumas situações, somos obrigados a comunicar os órgãos responsáveis e seguir com o desligamento, para manter a ordem na casa”, explica o diretor de assistência, Ivan Rulf.
A prefeitura se prepara para receber mais imigrantes nos próximos meses, mas está preocupada com a capacidade de atendimento. A casa de passagem tem capacidade para 70 pessoas e está com 65 ocupantes. Se o fluxo de venezuelanos continuar aumentando e eles demorarem a se deslocar para o sul e sudeste do país, a falta de espaço e recursos poderá comprometer a qualidade do atendimento.
Matéria produzida pelo repórter Adailson Oliveira para a TV Gazeta.